Perfil histórico da mulher paulista -
As mulhereres paulistas, especialmente as paulistanas que
viviam perdidas nos confins do planalto de Piratininga, nos tempos da
colonização, eram conhecida por “ mulheres tapadas”, pois eram recolhidas em
seus lares e nas poucas vezes que saiam à rua, cobriam-se totalmente com mantos
baetas de cor escura, nos moldes das mulheres do interior de Portugal.
Naqueles tempos coloniais, dizem os historiadores, que as
mulheres paulistanas ao se casarem deixavam o poder opressivo dos pais e
passavam para o poder dos maridos, sendo essa a caricatura que sempre pintaram
dessas mulheres, recatadas e austeras.
Dizem que se limitavam às tarefas caseiras, incluído as
visitas as capelas e igrejas onde rezavam costumeiras e quase diariamente e a fazer e cuidar de muitos filhos... Uma
atrás do outro, multiplicando a prole de seus maridos bandeirantes.
Também tinham participação ativa na vida da cidade, a tosca
vila isolada, longe do litoral e das noticias da metrópole. Faziam curas e partos, sem descuidar de colaborar na economia dos
lares.
Nos primeiros anos da Colonia não havia mulheres brancas no
planalto. As uniões se davam entre os europeus e indígenas, sem qualquer
solenidade religiosa e que provocava poligamia aceita pela sociedade local.
Com o tempo, os portugueses principalmente, passaram a se
casar na Igreja com as mulheres de tribos aliadas. Os primeiros habitantes
deram origem a clã paulistana conhecida como os quartocentões gerando gerações de mamelucos.
As primeiras famílias legalmente constituídas entre europeus
e as “ negras da terra “ como eram
chamadas, provocaram miceginação cultural interessante, pois os filhos
legítimos eram culturalmente brancos, mesmo sendo mamelucos, com hábitos
trazidos da Europa e criação próxima às tradições indígenas.
Dessa união surgiram as mais antigas linhagens familiares
paulistanas. Dessa linhagem especial, diferenciada das demais mulheres cuja
origem era ignorada, a vocação era casar e proliferar dentro das leis do
Cristianismo e também seguirem a vocação religiosa, algumas se tornando freiras.
Sem delongas vale concluir que essas mulheres por estarem na
Vila de São Paulo, longe de tudo e de todos, especialmente do litoral, eram
mulheres fortes e capazes, que ajudaram a construir o perfil da mulher
paulistana que, séculos mais tarde, quando houve necessidade, em face de GUERRA
PAULISTA de 1932, sem qualquer receio, a par de incentivar seus pais, filhos,
maridos, noivos, também foram para as trincheiras, para os hospitais e para as
indústrias.
Não tiveram qualquer receio em doar suas jóias para o
esforço de guerra que o momento exigia e mostraram que a mulher paulistana,
desde os tempos de Bartira, a linda indígena que foi casada com João Ramalho e
ajudou a fundar São Bernardo da Borda do Campo, tem sido o esteio e baluarte da
grandeza da cidade e do Estado.
E a história se repetiu durante os anos de chumbo, quando
meninas e jovens mulheres revoltadas com o estado de coisas que se apresentava
no país, ajudaram a guerrilha no norte de Goiás e foram covardemente assassinadas
pelas forças federais.
Helenira Rezende de Souza
Nazareth, Luisa Augusta Garlippe, Maria Lúcia Petit da Silva e Suely Yumiko
Kanayama, mulheres paulistas, guerrilheiras, desaparecidas no Araguaia são,
como foram suas antecessoras mamelucas, também exemplo da fibra e da força da
mulher paulistana, que, diga-se de passagem, que mais do que a personalidade
forte e marcante também são graciosas, bonitas e elegantes.Sempre foram.
No mês de julho, quando a paulicea
em festa comemora a guerra heróica movida por São Paulo contra a caudilhagem, o
Expresso Vida brinda a feminilidade local, trazendo um pouco da história da
mulher paulista. Apenas uma síntese do que traz os compêndios que se referem a
colonização do planalto de Piratininga.
O Expresso Vida lembra que a
mulher de São Paulo foi fundamental para que de modo valente e corajoso os 30
mil soldados constitucionalistas enfrentassem os 350 mil federais e impusessem
fosse editada a Constituição de 1934.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brMembro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras
Fonte -Madalena Marques Dias
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