REFORMA POLÍTICA X REFORMA ÍNTIMA ( Renap )
A dicotomia entre religião e política remonta desde a Idade
Média e continua sendo objeto de discussão nos dias atuais.
Iniciada dentro da Igreja
Católica, na América Latina, em 1950, a Teologia da Libertação é um movimento
internacional que interpreta os ensinamentos de Jesus Cristo como uma
libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais, porém, a
Santa Sé condenou seus principais fundamentos.
Em visita a estudantes jesuítas
na Itália no mês passado, o papa Francisco disse que os “cristãos” devem
participar mais da política.
Argumentou que essa atuação é
uma das formas mais alta de caridade visto que procura o bem comum.
Sacerdote Marcelo Rossi, em
entrevista a Folha de São Paulo no final de Abril se mostrou contra a candidatura
de representantes religiosos a cargos políticos por achar incorreto padre,
bispo, pastor transformarem um púlpito num palanque.
Diferentemente pensam os
evangélicos que conseguiram em 20 anos triplicar o número de representantes
ocupando importantes espaços de decisões no Congresso Nacional.
Às vésperas da chegada do Papa
Francisco no país, os evangélicos prometem fazer uma grande manifestação, no
Rio de Janeiro. O objetivo é protestar contra os gastos públicos do governo com
a visita do líder católico.
Pertinente lembrar que o Brasil
é um Estado laico, conforme prevê o artigo 19, I da Constituição Federal,
vedando aos entes públicos estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração
de interesse público.
Acalmada a ebulição das
manifestações pelo passe livre, melhoria na saúde, derrubada da PEC 37,
rejeição do projeto da Cura Gay e outras pautas, agora as atenções se voltam
para a discussão da legalidade do plebiscito e do efeito prático do que dele
advirá.
O povo quer mudanças e tem
pressa, portanto, como elas serão feitas parece não ter muita importância nesse
momento. Todavia, temos uma Constituição em vigência há quase 25 anos, cujos
direitos e garantias fundamentais ainda não foram implementados da forma como
concebidos. Ora, se um quarto de século não foi suficiente para pô-los em
prática será que em tão pouco tempo teremos as reformas ansiosamente esperadas?
Uma das maiores cobranças nas
ruas foi no tocante a educação e não é para menos. Os países que se preocupam
com o setor tem se desenvolvido com maior rapidez. Exemplo disso é Cingapura
que conseguiu a proeza de ter renda per capita maior do que a do Reino Unido e
já apresentou taxa de crescimento de 10% ao ano, resultado de investimento
constante em educação ao longo das últimas décadas.
Nessa onda de protestos que
traduz a insatisfação dos brasileiros se vê de tudo: pessoas dispostas a colaborar
com o movimento, ou seja, ir para as ruas de forma pacífica, empunhando
cartazes e faixas com suas reivindicações, algumas a fim de arruaça, outras
querendo sair mais cedo de seus empregos para chegar logo em casa e ainda uma
pequena minoria usando os manifestos como motivos para faltas e atrasos ao
trabalho.
Para participar das passeatas,
algumas pessoas foram de carro até o centro, acabaram estacionando em lugares
proibidos, em cima de calçadas, em frente às rampas de acesso aos deficientes,
enfim: envolvidos ou não com as manifestações, os populares mostraram quem
realmente são e o que querem: reforma política e reforma dos políticos.
É importante lembrar que a lei
penal apenas modifica a superfície; somente a lei moral pode penetrar o foro
íntimo da consciência e reformá-lo. Mudar a lei tornando determinados crimes
hediondos não mudará o pensamento de pessoas acostumadas a agir de forma
contrária aos princípios gerais de direito.
Educação, Moral e Cívica era
uma disciplina obrigatória no currículo escolar que abordava diversos assuntos
como consciência, caráter, virtudes, vida social, direitos e deveres, dentre
muitos outros e foi retirada da grade coincidentemente após o fim da ditadura
militar.
No final da década de setenta
veio a lume a lei do divórcio no Brasil, logo em seguida o movimento feminista
se fortaleceu, as mulheres conquistaram o mercado de trabalho e finalmente a
independência financeira.
Ocorre que de maneira geral o
tempo dos pais para com seus filhos ficou escasso e com isso certos valores
foram deixando de ser transmitidos por esses educadores. A educação integral
seria uma das alternativas para suprir essa lacuna, mas a maioria das
iniciativas de implantação dessa política pública fracassou, talvez por não ter
sido executada adequadamente.
Desde Sócrates, Confúcio, Buda
e por fim Jesus, os homens arejados compreenderam que as verdadeiras
transformações sociais se fazem pela educação. E foi Jesus o maior educador que
a humanidade já conheceu, pois, nos ensinou a amar verdadeiramente utilizando a
Pedagogia do Exemplo: não praticou a exclusão em momento algum e foi indulgente
para com todos.
Por Tânia Matos – defensora
pública do Estado de Mato Grosso
O Expresso Vida parabeniza a
autora pela objetividade do texto que merece ser divulgado amplamente.
Roberto J. Pugliese
presidente da Comissão de Direito
Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
( Fonte – Paulo Lemos – Renap )
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