O Expresso Vida publica a carta escrita
pelo presidente da OAB para os advogados do Brasil.
“
Brasília, 11 de agosto de 2013
Prezado(a) advogado(a),
Dirijo-me ao(à) ilustre colega para levar meu abraço pessoal e para
manifestar os cumprimentos do Conselho Federal da OAB por ocasião das
comemorações do Dia do Advogado.
Há 186 anos, no dia 11 de agosto, foram criados os primeiros cursos
jurídicos no Brasil – em São Paulo e Olinda, simultaneamente –, embriões de uma
profissão que logo ocuparia lugar de honra na história do País, assumindo lutas
memoráveis em defesa das liberdades, das instituições democráticas e contra
todas as formas de opressão.
A advocacia no Brasil não apenas cresceu em números, ultrapassando a
cifra de 800 mil profissionais: a profissão é sinônimo de Justiça e garantia de
paz social. Seja na esfera pública ou privada, seja autônomo ou empregado, o
advogado promove o equilíbrio e assegura a preservação dos direitos.
Dupin Aîné (1783/1865), jurisconsulto e magistrado francês, em sua
grande obra sobre o exercício da advocacia, disse: “Humanidade, literatura,
história, direito, prática, não há matéria ou ciência que o advogado possa ignorar”.
Não por menos, a Constituição da República, que em outubro completará 25
anos, diz explicitamente em seu art. 133 que “o advogado é indispensável à
administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei”. Promulgada após duas décadas de
autoritarismo, a Carta Magna brasileira expressa um Estado democrático de
Direito voltado para a realização de uma sociedade livre, justa e fraterna. E
em seu texto, por seis vezes a Ordem dos Advogados do Brasil é literalmente
nominada. Nenhuma outra organização profissional possui esse destaque.
A primeira citação, quando se refere à participação dos seus membros nos
tribunais e nos exames para as carreiras do Poder Judiciário; a segunda diz
respeito à presença de representantes da OAB no concurso de acesso ao
Ministério Público; a terceira, quando trata da composição dos Tribunais
Judiciários; a quarta, da inovação de propor Ação Direta de
Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade questionando
atos dos Poderes da República no Supremo Tribunal Federal; a quinta,
determinando a participação da advocacia na composição do Conselho Nacional de
Justiça; e a sexta menção, quando também determina que o Conselho Nacional do
Ministério Público deve assegurar participação de advogados indicados pela
Ordem.
Por sua vez, o Estatuto da Advocacia, que é lei federal, prevê que no
exercício da profissão o advogado é inviolável por seus atos e manifestações.
Estamos empenhados em um programa de trabalho voltado prioritariamente para
valorizar o advogado militante, aquele que diariamente enfrenta inúmeras
dificuldades no exercício de uma atividade tão edificante, voltada ao direito
de defesa. Temos tratado como prioridade as ações destinadas a garantir e
ampliar as prerrogativas profissionais. Assegurar o pleno exercício
profissional significa dar prevalência ao Estado de Direito e contribuir para
uma sociedade justa. Adotamos o lema “ADVOGADO VALORIZADO, CIDADÃO RESPEITADO”
e estamos empenhados numa campanha nacional pela valorização dos honorários que
tem como principal slogan
“Honorários Dignos: uma Questão de Justiça”.
Ao mesmo tempo, criamos na atual gestão a Procuradoria Nacional de
Defesa das Prerrogativas. Muitos confundem esse tratamento com privilégios
corporativos, mas as prerrogativas do advogado são, na verdade, prerrogativas
do cidadão. É o direito do cliente que está em pauta. Não importa se o cliente
é pobre ou rico, influente ou não. Todos têm direito à presunção de inocência,
ao contraditório, ao devido processo legal. Ninguém pode ser condenado senão
mediante sentença transitada em julgado. E o advogado é o elo efetivo entre
esses direitos elementares de cidadania e a Justiça.
Recentemente, a grande vitória da aprovação do relatório da Comissão
Especial na Câmara dos Deputados ao projeto do novo Código de Processo Civil
(CPC) estabelece a suspensão dos prazos processuais entre 20 de dezembro e 20
de janeiro, reconhecendo que o advogado, como qualquer trabalhador, tem direito
a um período de descanso anual. Todos sabem que a maior parte dos escritórios
de advocacia brasileiros é formada por um ou dois advogados, que dedicam dias e
noites no atendimento aos seus clientes. Nada mais justo que se crie esse
mecanismo sem que isso interfira no bom andamento do Poder Judiciário, que, por
sua vez, deve ter sempre as portas abertas para decidir questões urgentes. O texto
aprovado na Câmara também valoriza os honorários de sucumbência com critérios
mais objetivos para sua fixação, dando tratamento igualitário em relação à
Fazenda Pública.
Temos ainda avançado na questão do Processo Eletrônico, o PJe, uma
inovação que não podemos ignorar e que levou a OAB a instituir núcleos de
inclusão digital para advogados em todo o País, especialmente os que trabalham
nas comarcas mais distantes e ainda se ressentem da falta de telefonia em banda
larga. Da mesma forma, merece registro a aprovação, na Câmara, do projeto de
lei que institui os honorários da advocacia trabalhista, bem como a alteração
do parecer da Advocacia Geral da União no sentido de que as verbas de
honorários sejam pagas aos advogados públicos.
Sem deixar de ressaltar a histórica decisão do Supremo Tribunal Federal
determinando o pagamento dos precatórios devidos. No momento, estamos lutando
pela aprovação da lei que determina a inclusão dos serviços de escritórios de
advocacia no sistema do Simples Nacional, já aprovada pelo plenário do Senado
Federal. Essa mudança estabelecerá um regramento jurídico alcançando milhares
de advogados que ainda se encontram na informalidade.
Nosso maior objetivo relaciona-se com o que ainda há de ser conquistado
em prol da advocacia e com o cumprimento das regras normativas do Estado
brasileiro: as bandeiras cívicas da classe, que integra o universo da
administração da Justiça, continuam desfraldadas com coragem e independência.
Fraternalmente, colocando-me à
disposição do(a) colega para as lutas necessárias à valorização do advogado e à
garantia dos valores constitucionais.
Marcus Vinicius Furtado Coêlho
Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) “
Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) “
O Expresso Vida parabeniza todos os
advogados do Brasil.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brpresidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Nenhum comentário:
Postar um comentário