Memória 24ª.
Henrique Libereck – Saudades.
São incontáveis as histórias
vividas por Lourenço e seu Henrique.
Sem contabilizar as tantas aventuras envolvendo barco, navegação, viagens para
o Bairro, merece atenção outras tantas que se forem escritas darão um bom livro
de aventuras...
Seu Henrique comprou um terreno numa travessa da Avenida Presidente
Kennedy, próximo à ponte da Sorocabana, no pé do morro lá existente e com ajuda de auxiliares, foi o próprio
construtor e seu principal pedreiro.
Uma casa com abrigo para
automóvel, cozinha, banheiros, sala e dois quartos, lembra bem Lourenço. Havia
nos fundos um quarto para guardar as tralhas dos seus barcos. Assim como lembra
também, que numas férias, foi auxiliar de pedreiro, carregando tijolos,
ferramentas, fazendo misturas, massas e outras burocracias do oficio, ajudando,
orgulhosamente seu amigo a levantar a casa onde foi morar com a família por
alguns anos.
O bar do Zeca, junto ao Porto
Novo, se transformara no Itanhaem Iate Clube. Com a sua expansão, a casa do
Tales, aquele que levou Henrique pela primeira vez à cidade, foi adquirida
dando lugar à área social e esportiva do clube.
Com a contínua expansão, a
meia água, situada nos fundos do clube, foi adquirida e seu Henrique, e Djanira, uma viúva, caiçara do Bairro, com quem
vivia com seus dois filhos desde o falecimento da dona Sofia, foram obrigados
a mudarem-se... Instalaram-se naquela travessa, próximo à pracinha espremida
entre o rio, a ponte e a avenida presidente Kennedy. Seus barcos, Kátia, Fifia
e um outro que não tem o nome na lembrança, ( talvez Oxumaré ) já não mais
ficavam juntos no porto que fizera quando morava à beira d’água.
Os filhos de Djanira eram
crianças e um deles, vendo o motor de popa num cavalete, tentou pega-lo e
derrubou por cima do próprio corpo, vindo a falecer alguns dias depois do
acidente... Tragédia que perseguiu o casal para o sempre.
Alguns anos depois a casa foi
vendida e os três foram morar na Vila São Paulo, nas proximidades da Vila,
junto ao pé do morro do Convento.
Lourenço lembra-se bem que,
em 1978 quando seu filho nasceu, numa das idas que fez à Itanhaém, levou o
nenezinho para conhecer seu Henrique...
Lembra-se também que seu
amigo foi à Europa visitar os parentes que ainda estavam vivos e moravam atrás
da cortina de ferro. Dificuldade para
ingressar na Polônia vermelha, mas conseguira e assim foi. Lourenço guarda com
carinho até hoje, o saca rolhas estilizado numa âncora que o velho amigo trouxe
de lembrança, e o bilhete, escrito à mão, já tremula, que diz: “ Para o Lourencinho, como penhor de nossa
Amizade – Henrique Libereck. “
Não se recorda a data, mas
foi no final da década de LXX, pois logo a seguir, se acometeu de câncer...
Restaram boas lembranças. Restauram saudades.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brMembro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da cadeira nº 35 – Academia de Letras de São José.
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