06 maio 2012

Data para ser lembrada: 23 de Maio !


23 de Maio, data a ser lembrada sempre.

A crise econômica imposta pelo fechamento da bolsa de Nova York em 1929 provocou danos de monta no Brasil, cuja monocultura cafeeira era o esteio das exportações, concentradas para os Estados Unidos, causando pânico às elites financeiras, política e à classe dos ruralistas, então dominantes.

Júlio Prestes de Albuquerque, então governador de São Paulo, foi nesse clima de incerteza vencedor das eleições presidências de 1930 provocando a insatisfação de gaúchos, que sob a liderança de Vargas pegaram as armas e impuseram ao país um governo espúrio, derrubando do cargo o carioca Washington Luiz Pereira de Souza, ex governador dos paulistas.

Para o ditador prevaleceu sua vontade sob a força do chicote.Com a bombacha e as esporas que se habituara nas planícies do sul, não titubeou em empastelar jornais de oposição, nomeou interventores nos Estados cassando os então governadores eleitos e os substituindo por seus asseclas. Num lance ilegítimo e grosseiro amordaçou o povo brasileiro como na práxis própria dos ditadores que se legitimam no poder pela força e não aceitam opiniões contrárias.

O povo paulista não aceitou e foi  para as ruas... Gritaram, pediram a Constituição... e a rebelião tomou vulto incontrolável. Santos, Campinas, Ribeirão Preto, Taubaté tumultuadas pelos gritos e manifestações populares.

Há 80 anos passados, no 23 de maio de 1932, os acadêmicos do Largo de São Francisco saíram as ruas protestando contra o arbítrio do caudilho impondo à São Paulo um interventor, desrespeitando a vontade popular e mantendo o país sem Constituição.

Os paulistas não aceitavam a imposição arbitraria de um gaúcho  castrando a autonomia própria da laboriosa província que, àquela época, já se orgulhava da singular condição de sua próspera industrialização e única exportadora dos grãos que geravam divisas para o pais.

Exigiam o levante contra a ditadura e ao meio da balburdia das passeatas, Márcio, Miraguaia, Dráuzio e Camargo estudantes de direito, foram baleados e mortos por soldados de Getúlio Vargas.

A sigla MMDC ficou gravada, simbolizando a truculência do ditador  e estimulou eclodisse em 9 de julho do mesmo ano a Revolução para se impor o regime democrático suspenso há mais de dois anos.

Alguns Estados prometeram aderir. Mandar tropas e material bélico. As promessas de ajuda não chegaram. Não vieram os soldados nem armas  e, traídos pelos patrícios acovardados, restaram os paulistas lutaram sozinho.

Os operários despiram-se dos uniformes. As mulheres ajudaram nas enfermarias. Crianças, pré adolescentes, transformaram-se em estafetas e auxiliares nas repartições militares.

O povo paulista se levantou. Todos unidos queriam armas para enfrentar o potencial bélico de 350 mil soldados oriundos de outros 20 Estados e do Distrito Federal.

Apenas 35 mil paulistas foram para as trincheiras. Batalhas épicas numa guerra desigual que fez sucumbir após 85 dias de luta o sonho de redemocratização do país.

A epopeia paulista revelou heroísmo e mostrou que igual ao aço, o paulista pode quebrar, mas não se curva.

E a liderança se fez sentir. Perdeu nas armas porem venceu impondo a legalidade. Não se permite esquecer o maior evento épico brasileiro. Tão pouco os heróis anônimos que tombaram pela liberdade.

A Revolução revelou no curto período de seus combates sangrentos a disposição de um povo, que largando seus afazeres e empreendimentos, foi às trincheiras e se submeteu as agruras próprias das batalhas. Revelou a singular organização que é própria da cultura local, que improvisou diante da inferioridade e todas as diversidades inerentes, meios para se impor e revelar o heroísmo de seus soldados.

Revelou enfim que  para trabalhar e produzir a exigência de ordem jurídica é fundamental, e só com a legalidade o paulista poderia voltar a produzir e ser a potencia econômica que se mostra atualmente. A Guerra Paulista continua viva e atual. Não pode ser esquecida. Tão pouco seus heróis anônimos que tombaram por um ideal coletivo, patriótico, libertário.



Daí, a grande avenida que do vale do Anhangabaú parte em direção ao Ibirapuera, na Capital paulista, ter a data que a designa e o pomposo mausoléu guardar cinzas dos que, sob a sombra das 13 listas da bandeira, participaram do histórico episódio.

 Enfim:” és paulista? Ah ! Então tu me compreendes! Trazes, como eu, o luto na tua alma e lâminas de fel no coração”, como conclama o poema.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br

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