27 janeiro 2012

BBB - ( bombando o bordel ) pelo detetive social

B.omB.ando o B.ordel

“O negócio é levar vantagem em tudo, certo?”
( frase de Gerson, ex-jogador da seleção brasileira em anúncio
de cigarros, na década dos anos 70)

*Vitor Hugo Noroefé

No ano passado, foi a Sandy que declarou que adorava sexo anal. A declaração vazou antes de a revista Playboy cair nas ruas e nas graças do populacho. Logo a crooner sertaneja tratou de desmentir o ato e o fato. Entre o disse e o não disse, quando a Playboy saiu da gráfica suas vendas estavam acima do normal. Faltou revista das coelhinhas nas bancas. E muitos marmanjos ficaram sem as declarações de Sandy, que recebeu apoio emocional de artistas, cantores e lambe-botas de plantão. Mais tarde, alguns jornalistas descobriram a farsa. Sandy entrava para os anais (opa!) da história da imprensa brasileira como mais um golpe baixo da indústria publicitária.
Agora é a vez de a Rede Globo mostrar sua astúcia. Embora essa seja uma frase do personagem Chaves, no SBT, “não contavam com minha astúcia”, serve muito bem para ilustrar a estratégia global. O programa BBB que já vinha perdendo audiência e recebendo nas redes sociais toda a espécie de crítica salvou a bandeira náufraga com mais um escândalo: o suposto estupro da participante Monique Amin, de 23 anos. O acusado é o modelo Daniel Echaniz, de 31 anos. Toda a história começou nas redes sociais, com o vídeo em que Daniel, embaixo do edredom com Monique – possivelmente bêbada - demonstra a eficácia de sua “berinjela” (também filmada e divulgada na web), noite adentro, com a moçoila.
E não se enganem, caros b.b.babacas, isso tudo é apenas mais uma estratégia do marquetingue para aumentar audiência e coletar admiradores. Nem adianta o chilique de feministas indignadas ou moralistas e defensores de direitos humanos, nem dos arroubos daqueles que defendem uma democratização do sistema midiático. Isso tudo é só uma questão de grana. O alcoviteiro do BBBordel, Pedro Bial – que já foi jornalista, poeta e que hoje é apenas cafajeste – já avisou que não houve nada demais. Foi só um deslize, segundo o funcionário da Rede Globo de Televisão, normal entre duas pessoas que dividem uma mesma cama, um edredom e uma noite, pós-biritada. Em sua primeira aparição Bial disse apenas que “o amor é lindo”. Quando a chapa esquentou, com as argumentações do estupro e a Globo expulsou Daniel, o alcoviteiro reduziu tudo a uma atitude relativa ao “comportamento inadequado” do participante. Palmas, anunciantes!
E deixemos de hipocrisia: o que pode haver num bordel além de sexo? Só umas bebidinhas, umas cafungadas e sexo, muito sexo, não é mesmo? E quando isso ainda premia com um milhão de reais, o que mais se pode esperar? E quando isso é a chance para os escolhidos entre os mais de 100 mil esperançosos que se escreveram, que regras podem conter os ânimos? Tempo é dinheiro. E o Grande Irmão sabe muito bem disso. Tanto que em sua décima segunda edição deixa de lado, qualquer decência. Negócio é negócio: que Monique seja considerada prostituta e Daniel estuprador é o menor problema. Problema mesmo seria falta de grana ao Grande Irmão, que só pode ser rentável se houver audiência. E circo para ser bom mesmo, precisa de palhaço com talento.
Outra coisa: é papo furado essa arruaça que quer moralização da atuação da Rede Globo de Televisão em terra brasilis. Em seus quase 50 anos ditando normas e comportamentos no Brasil, a rede de rádio, jornais e televisão da família Marinho nunca teve essas preocupações mundanas. Cresceu com apoio da milicada e segue dando as cartas apoiada pelo que há de mais torpe no mundo: o lucro. E todo mundo sabe que lucro não pode conviver com nenhum método que se pretenda ético. Então, nada de chavecos moralizantes. A idéia recorrente de ter lucro a qualquer preço, de vencer por qualquer método, de manter-se no topo, não aceita jogar com outras regras que não sejam a de “levar vantagem em tudo, certo?”.

*Vitor Hugo Noroefé é produtor de textos e detetive social
vhnoroefe@hotmail.com

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