22 janeiro 2012

Ponte Hercílio Luz, um marco histórico de um Estado e de uma cidade. Palco de corrupção.





A Ponte Her­cílio Luz foi cons­truída na dé­cada de 1920 - entre no­vembro de 1922 e maio de 1926 - pelas firmas as­so­ci­adas Byington & Sunds­trom. Foi pro­je­tada pelo Eng.º David Bar­nard Steinman, das firmas as­so­ci­adas Ro­binson & Steinman, U.S.A. Con­sul­ting En­gi­neers, tendo sido con­cluída e inau­gu­rada em 13 de maio de 1926, uma quinta-feira chu­vosa, no go­verno de Antônio Vi­cente Bulcão Vi­anna.


A re­a­li­zação desse sonho deu-se, prin­ci­pal­mente, graças à ini­ci­a­tiva em­pre­en­de­dora do Vice-Go­ver­nador, no exer­cício do cargo de Go­ver­nador do Es­tado de Santa Ca­ta­rina - En­ge­nheiro Civil Her­cílio Pedro da Luz, que au­to­rizou o Es­tado a con­trair o em­prés­timo para a cons­trução da Ponte, que ele ima­gi­nara de­no­minar Ponte da In­de­pen­dência.


Em me­ados de 1924, a saúde de Her­cílio Luz es­tava pro­fun­da­mente aba­lada, com di­ag­nós­ticos de câncer de estô­mago, já de­sen­ga­nado pelos mé­dicos. Em 08 de ou­tubro de 1924, Her­cílio Luz inau­gurou então sim­bo­li­ca­mente a Ponte, atra­ves­sando uma pas­sa­rela pênsil de 18 me­tros de com­pri­mento, cons­truída em mi­ni­a­tura, com es­cala 50 vezes menor que a ori­ginal, junto ao tra­piche de Flo­ri­a­nó­polis, pois se sabia que di­fi­cil­mente es­taria vivo para inau­gurar a Ponte que ide­a­li­zara.


In­fe­liz­mente, doze dias após a inau­gu­ração sim­bó­lica, Her­cílio Luz fa­leceu em 20 de ou­tubro de 1924 e não pôde ver essa grande obra con­cluída. A bem da jus­tiça, a Ponte levou seu nome e passou a ser cha­mada de Ponte Her­cílio Luz.


Foi in­ter­di­tada to­tal­mente ao trá­fego em 22 de ja­neiro de 1982, quando ainda ab­sorvia 43,8% do total do trá­fego, ou seja, 27.345 veí­culos por dia, al­can­çando em ho­rá­rios de pico, a marca de 2.250 veí­culos por hora.


O DER/SC, na­quele dia, fe­chou a Ponte ao trá­fego de veí­culos e pe­des­tres de­vido às pre­cá­rias con­di­ções em que se en­con­trava, de­cor­rente de de­te­ri­o­ração das barras de olhal, com base no laudo téc­nico nº 16.177 do Ins­ti­tuto de Pes­quisas Tec­no­ló­gicas de São Paulo S/A - IPT, em pe­rícia re­a­li­zada em 03/12/1981.


Em 15 de março de 1988, a Ponte Her­cílio Luz foi re­a­berta so­mente ao trá­fego de pe­des­tres, bi­ci­cletas, mo­to­ci­cletas e veí­culos de tração animal.


Em fe­ve­reiro de 1990, foi apre­sen­tada pela Cerne En­ge­nharia e Pro­jetos e Cons­tru­tora Roca Ltda. o Re­la­tório da Pri­meira Etapa da Aná­lise da Vi­a­bi­li­dade da re­a­ber­tura ao trá­fego da Ponte Her­cílio Luz.


Em 4 de julho de 1991, a Ponte Her­cílio Luz foi no­va­mente in­ter­di­tada a qual­quer tipo de trá­fego e re­ti­rado o piso as­fál­tico do vão cen­tral, re­sul­tado num alívio de peso da ordem de 400 to­ne­ladas, não tendo sido mais aberta ao trá­fego até os dias de hoje.


Em 04 de agosto de 1992, o então Pre­feito Mu­ni­cipal de Flo­ri­a­nó­polis - Antônio Hen­rique Bulcão Vi­anna - as­sina o De­creto nº 637/92, tom­bando a Ponte Her­cílio Luz como Pa­trimônio His­tó­rico, Ar­tís­tico e Ar­qui­tetô­nico do Mu­ni­cípio de Flo­ri­a­nó­polis.


Em 13 de maio de 1997, o então Go­ver­nador do Es­tado de Santa Ca­ta­rina: Paulo Afonso Evan­ge­lista Vi­eira, através do De­creto nº 1.830, ho­mo­loga o Tom­ba­mento da Ponte Her­cílio Luz, de pro­pri­e­dade do Es­tado de Santa Ca­ta­rina / DER/SC, lo­ca­li­zada no Mu­ni­cípio de Flo­ri­a­nó­polis.


Em 15 de maio de 1997, foi as­si­nado o De­creto nº 2.070, no qual o Go­verno do Es­tado de Santa Ca­ta­rina de­clara de uti­li­dade pú­blica para fins de aqui­sição por do­ação ou de­sa­pro­pri­ação, ami­gável ou ju­di­cial, os imó­veis com­pre­en­didos na área de en­torno da Ponte Her­cílio Luz.


Em 24 de marçdo de 2005, na "Casa do Jor­na­lista", o Go­ver­nador do Es­tado de Santa Ca­ta­rina, Luiz Hen­rique da Sil­veira, em con­junto com sua equipe téc­nica, apre­sentou um re­sumo do Pro­jeto de Re­a­bi­li­tação da Ponte Her­cílio Luz, oca­sião em que foi es­ta­be­le­cido um prazo para o lan­ça­mento do edital para a exe­cução das obras de re­a­bi­li­tação da Ponte.


No dia 15 de de­zembro de 2005 o DEINFRA ini­ciava a aber­tura do Edital de Con­cor­rência In­ter­na­ci­onal n.º 24, no qual o con­sórcio for­mado pelas em­presas ROCA e TEC foi o ven­cedor do cer­tame.


Em 17 de fe­ve­reiro de 2006 foi ini­ciada a exe­cução do con­trato PJ-015/2006, com o con­sórcio an­te­ri­or­mente ci­tado, no valor de R$20.983.905,55 e que tem por ob­je­tivo a exe­cução, com for­ne­ci­mento de ma­te­riais e in­sumos, dos ser­viços ne­ces­sá­rios para a res­tau­ração, re­a­bi­li­tação e ma­nu­tenção da Ponte Her­cílio Luz. Tal con­trato está pre­visto para ser en­cer­rado em 05 de agosto de 2008 e con­templa a pri­meira fase da obra.


Além do mon­tante pre­visto para a exe­cução da obra, ou­tros R$9.810.170,61 foram in­ves­tidos na con­tra­tação das em­presas con­sor­ci­adas PROSUL e CON­CREMAT para exe­cução de ser­viços de ge­ren­ci­a­mento, co­or­de­nação, su­per­visão, con­trole de qua­li­dade e apoio à fis­ca­li­zação das obras de re­a­bi­li­tação da Ponte, con­forme con­trato PJ-170/2006. Tal con­trato está pre­visto para su­prir as ne­ces­si­dades de su­per­visão dos ser­viços exe­cu­tados para a pri­meira e se­gunda fases da re­a­bi­li­tação da Ponte.




A ponte, enfim, assinale-se, desde de sua interdição é palco de muitos investimentos e a sua reforma e recuperação não é concluída. Anos e anos... rios de dinheiro. Suspeita de corrupção.





Roberto J. Pugliese




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