Paraty, cidade histórica situada no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, ponto de convergencia turística internacional tradicional, conserva ainda, nos dias atuais, um sítio preservado singular, com a inibição de tráfego de veículos e transito regular de animais e carruagens, propiciando charme indisfarçável.
Paraty até a inauguração da BR 101, atual rodovia Mário Covas, ligando Santos ao Rio de Janeiro, estava praticamente isolada. Seu acesso se dava por via marítima ou então, por Cunha, no Estado de São Paulo, através da rodovia Paulo Virgínio e a serra perigosa e em ruínas que atravessa área de preservação ambiental.
Com isso, o centro histórico da cidade foi preservado por carecer de acesso, já que a cidade se encontrava verdadeiramente ilhada. Tão isolada que na década de 1960, chegou a criar um movimento pretendendo sua anexação ao Estado de São Paulo, como anos atrás, Itapoá, Sc.pelas mesmas razões, igualmente se movimentou querendo se anexar ao vizinho Paraná.
Visitar Paraty é conhecer a cultura viva de hoje e de ontem. É ter oportunidade de conviver diretamente com centenas de artistas de todos os segmentos e apreciar a engenharia dos primeiros moradores da cidade.
Passear pelas suas praias, ilhas, ilhotas e enseadas e conviver com a ecologia deslumbrante. Com temperatura amena, sofrendo chuvas constantes, a cidade histórica tombada pelo SPHAN é considerada patrimonio cultural e histórico nacional e a UNESCO pretende tomba-la como patrimonio da humanidade.
São Francisco do Sul, a histórica cidade mãe de Santa Catarina, nas proximidades de Joinville, junto a baia de Babitonga, dispõe igualmente de centro histórico de grande envergadura.
No entanto, por descaso das autoridades públicas responsáveis, notadamente municipais e principalmente em face da ignorancia de sua população que desconhece o potencial que pode ser explorado culturalmente trazendo riqueza limpa para a cidade, o centro histórico da cidade é despido de qualquer incentivo e atos concretos de preservação e exploração cultural e turística.
Pessoalmente cheguei a ouvir de comerciantes que se o centro da cidade fosse cercado inibindo o tráfego de veículos, como ocorre em Paraty e Ouro Preto, por exemplo, ele iria a falencia...
Enfim, enquanto Paraty prospera a olhos vistos, preservando seu acervo cultural, São Francisco do Sul, continua cada vez mais dependente do porto, com as mazelas decorrentes, entre as quais a poluição, sujeira, som estridente e composições de trem atravessando pela cidade de forma a atrapalhar o transito e o pior, enfeiá-la ainda mais.
Lamentável o que se constata naquela ilha, que dispondo de visual natural pitoresco, com a serra e o mar colorindo um quadro aprimorado, é o avesso no interior urbano, revelando-se culturalmente decadente e estagnado.
Reitero: Visitem Paraty, Rj, o ano inteiro. Vale a pena.
Roberto J. Pugliese
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