30 março 2012

HISTÓRICO - Resenha do Golpe Militar !

O Brasil não
era um país feliz antes do golpe de 1964. Mas era um país que dava sequência a
um ciclo longo de crescimento econômico, impulsionado por Getúlio, como reação
à crise de 1929. Nos anos prévios ao golpe era um país que começava a acreditar
em si mesmo.

Quem toma
com naturalidade agora a Copa do Mundo de 1958 não sabe o quanto ela foi
importante para elevar a auto estima dos brasileiros, que carregavam, desde o
fatídico 16 de julho de 1950, o trauma do complexo de inferioridade.

Mas isso
veio junto com a bossa nova, o cinema novo, o novo teatro brasileiro, um clima
de expansão intelectual por grandes debates nacionais, pela articulação com
grandes temas teóricos e culturais que começavam a preparar o clima da década
de 1960.

O país
não foi surpreendido pelo golpe. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial
militares que tinham ido à Itália tinham se articulado estreitamente com os
EUA. Na sua volta, liderados por Golbery do Couto e Silva e por Humberto
Castelo Branco, fundaram a Escola Superior de Guerra e passaram, a partir dali,
a pregar os fundamentos da Doutrina de Segurança Nacional – concepção
norteamericano para a guerra fria -, que cruzou a história brasileira ao longo
de toda a década de 1950 até, depois de várias tentativas, desembocar no golpe
de 1964 que, não por acaso, teve naqueles oficiais da FFAA seus principais
líderes.

Durante a
década de 1950 o Clube Militar foi o antro a partir do qual articulavam golpes
contra o Getúlio – seu inimigo fundamental, pelo nacionalismo e por suas
políticas populares e articulação com o movimento sindical. O suicídio do
Getulio brecou um golpe pronto e permitiu as eleições de 1955, em que novamente
os golpistas foram derrotados.

Fizeram
duas intentonas militares fracassadas contra JK e elegeram Jânio, com a velha e
surrada – mas sempre sobrevivente, até hoje – bandeira da corrupção. Se
frustraram com a renúncia deste e naquele momento tentaram novo golpe,
valendo-se do vazio da presidência e da ausência do Jango, em viagem para a
China.

A
mobilização popular e a atitude do Brizola de levantar em armas o Rio Grande do
Sul na defesa da legalidade, impediram e adiaram o golpe.

Mas os
planos golpistas não se detiveram e acabaram desembocando em primeiro de abril
de 1964 no golpe, que contou com amplo processo de mobilizações da classe média
contra o governo, com participação ativa da Igreja católica, da mídia, das
entidades empresariais, que desembocou na ação da alta oficialidade das FFAA
(Forças Armadas), que liquidou a democracia que o Brasil vinha construindo e instaurou
o regime do terror que passou a vigorar no Brasil.

Foi o
momento mais grave de virada regressiva da história brasileira. Interrompeu-se
o processo de democratização social, de afirmação econômica e política do pais,
para impor a opressão econômica e política, a subordinação externa, mediante
uma ditadura brutal. O
país, sob o comando dos militares, da Doutrina de Segurança Nacional, do grande
empresariado nacional e internacional, do governo dos EUA, optou por um caminho
que aprofundou suas desigualdades sociais, colocando o acento no mercado
externo e na esfera de alto consumo do mercado, no arrocho salarial, na
desnacionalização da economia e na opressão militar.

Completam-se
48 anos do golpe militar. Continua
sendo hora de perguntarmos a todos: Onde você estava no momento mais grave de
enfrentamento entre democracia e ditadura? Cada um, cada força política,
cada empresário, cada órgão da imprensa, cada igreja, cada militar. Os temas
continuam atuais: denuncismo moralista a serviço do enfraquecimento do Estado,
abertura escancarada da economia, resistência às políticas sociais e aos
direitos do povo, uso da religião contra a democracia republicana e o caráter
laico do Estado, uso da mídia como força política da direita, etc. etc.

Que seja
uma semana de reflexão e de ação política. Que o governo finalmente nomeie os
membros da Comissão da Verdade e que não passemos mais um primeiro de abril sem
apurar tudo o que o regime de terror impôs pela força das botas e das baionetas
ao país e que a democracia faça triunfar a verdade.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br

( Fonte –Blog do Emir )

Nenhum comentário:

Postar um comentário