31 março 2012

RIBEIRA = informações históricas

OCUPAÇÃO DO VALE DO RIBEIRA – breve histórico



O litoral da Baixada do Ribeira era habitado por índios
seminômades que se dedicavam a caça, a pesca e a agricultura itinerante de
mandioca e foi visitado por exploradores e colonizadores no início do século
XVI. Caso da expedição de 80 homens organizada por Martim Afonso de Sousa para
explorar o interior em busca de ouro e prata.
Nesse primeiro período de exploração mineral surgiram os dois núcleos
embrionários do Vale do Ribeira: as vilas litorâneas de Cananéia e Iguape, cuja
economia se baseava na lavoura de subsistência e na atividade pesqueira.


A partir do século XVII , iniciou-se uma ocupação mais
intensa do interior em busca de ouro. Com o intenso fluxo fluvial no rio
Ribeira de Iguape começou a colonização em suas margens e surgiram as cidades
de Sete Barras, Juquiá, Ribeira e Jacupiranga entre outras.

A descoberta de minas de ouro contribuiu ainda mais para
o fim do isolamento do interior. A articulação fluvial entre Iguape e os
núcleos surgidos rio acima, conferiu à cidade grande importância estratégica e
seu porto adquiriu grande relevância nacional.


Mesmo tendo perdido o posto de principal atividade
econômica no decorrer do século XVII em decorrência da descoberta de minas em
outras regiões, a exploração do ouro se estendeu até o início do século XIX.
Iniciou-se assim o desenvolvimento da agricultura e o
porto de Iguape, responsável pelo escoamento de produtos e pela ligação
econômica da região com o resto do país, passou a ser considerado um dos mais
importantes do país.

O arroz tornou-se o principal produto agrícola, com a
utilização de mão de obra escrava, e passou a ser exportado para mercados
europeus e latino-americanos. O crescimento da demanda fez com que fosse
necessário facilitar o escoamento da produção arrozeira pelo porto de Iguape e
baratear os custos com fretes. Por essa razão, em 1825, foi construído o Canal
de Valo Grande, interligação entre o rio Ribeira de Iguape e o Mar Pequeno.


No entanto, as oscilações do mercado e a dificuldade em
repor fatores de produção, combinados com a expansão das lavouras de café e a
abolição do tráfico de escravos, contribuíram, no inicio do século XX, para o
colapso da produção de arroz e a conseqüente estagnação econômica. A economia
do Vale regrediu voltando ao estágio de agricultura de subsistência, que se
prolongou e foi responsável pela acentuada decadência econômica regional.


No início do século XX começaram as culturas de banana e
chá. A partir dos anos 1960, a construção de estradas de asfalto facilitou a
chegada à região, contribuindo um pouco para o desenvolvimento local. A
duplicação da BR-116, que ainda não está terminada, pode ser considerada mais
um passo para a integração do vale aos centros urbanos.


Ainda na década de 1960 a importância ecológica da Bacia
do Rio Ribeira de Iguape passou a ser reconhecida e foram criadas diversas
áreas de reserva e proteção ambiental, fundamentais na preservação da
biodiversidade do local. Essas áreas de proteção, entretanto, acabaram por
afetar a população nativa que ficou privada do uso da terra e daquilo que
garantia seu trabalho e subsistência.
Além disso, as áreas florestais da região vêm sendo
desmatadas, para a implantação de pastos, plantio de seringueiras, cacau,
banana, ou mesmo para a retirada de madeira e carvão vegetal – atividade estimulada
a partir do ciclo de desenvolvimento que se instalou no País na década de 1960.
A agricultura continua sendo a principal atividade
econômica e fonte de renda da população do Vale. Em sua faixa litorânea, contudo,
a pesca exerce papel fundamental na ocupação e desenvolvimento econômico das
comunidades locais. Os principais produtos comercializados pelos pescadores são
o camarão e a ostra, além de crustáceos e pescados. As culturas mais presentes
nas lavouras do Vale, por sua vez, são a banana e o chá preto, que ocupam áreas
mais extensas e têm maior relevância do ponto de vista comercial. Atividades de
pecuária também são registradas em algumas localidades.

A banana, por exemplo, é cultivada em quase todos os municípios,
por grandes e pequenos produtores. No entanto, aos pequenos agricultores faltam
opções que visem agregar valor ao produto bruto. O trabalho com os subprodutos
da banana, que representaria uma possibilidade de aumento de renda, ainda é
incipiente.

Embora a agricultura predomine, o litoral e o interior
possuem especificidades econômicas em conseqüência da localização geográfica e
também do modo de ocupação. A área litorânea ocupada predominantemente pela
população caiçara e algumas aldeias de índios guarani se dedicam mais à
atividade pesqueira em canal ou mar aberto. Já no interior, onde predominam as
comunidades quilombolas, a cultura da banana representa a principal atividade.

Existe ainda um setor secundário regional caracterizado
por reduzido número de estabelecimentos que absorvem pouca mão-de-obra, com
destaque para a exploração de fosfato e calcário, predominante nos municípios
de Cajati e Apiaí. Grande número de produtores familiares desenvolvem
agricultura de subsistência. A pecuária é incipiente.
( Fonte = Diário de Iguape )

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