Concentração de renda, poder e miséria. -
A elevada concentração de renda e a miséria do povo.
O PIB é o produto interno bruto de determinada sociedade. Pode ser
de um país, de um município ou mesmo de uma associação particular, pois serve
para apurar o montante do resultado da produção econômica e apontar, dentro do
número das pessoas envolvidas, o grau de resultado que cabe para cada
um.
A partilha no entanto não reflete uma igualdade. Assim, uns ganham mais e outros
menos, quando o pib é dividido entre os envolvidos.
São Francisco do Sul, cidade portuária, situada na ilha de São
Francisco, próximo a Joinville, no litoral norte de Santa Catarina, é um exemplo
típico de dois aspectos negativos da má distribuição do pib. Trata-se de uma
cidade com aproximadamente 42 mil habitantes e um dos maiores pib do país.
Sim, do pais. Um dos maiores pib’s do
país.
Poucas cidades brasileiras tem um pib nesta proporção.
Para se ter idéia, é mais de 3 vezes superior ao de Joinville,
maior cidade do Estado, com 500 mil habitantes e indústria de porte, com
reconhecida capacidade de desenvolvimento em todo o mundo. Cidade moderna,
limpa, com povo instruído, educado e com profissionais qualificados na prestação
de serviços, com renome internacional. Joinville é cidade que oferece qualidade
de vida bem superior a muitas cidades brasileiras, porém seu pib é bem
inferior.
São Francisco do Sul teve no ano de 2010 um PIB de quase R$ 83.000,00, o que vale
dizer que estatisticamente a população deveria estar situada num patamar de
riqueza elevada, superior ao restante do Estado e a muitas cidades importantes,
como Paranaguá, no Paraná ( R$39.000,00 ) ou Santos, ( R$60.000,00) no Estado de
São Paulo.
Ambas cidades citadas são portos, como São Francisco do Sul, com pib inferior, porém
com desenvolvimento e estética radicalmente diferente, a despeito da produção
econômica ser bem inferior.
No entanto, o mesmo IBGE, que divulga esses números aponta que no universo de
habitantes daquele município, quase trezentas pessoas, não percebem um quarto de
salário mínimo e trinta e seis, vencem mais que trinta salários
mínimos.
Isso significa que a concentração de renda é elevada e toda a produção arrecadada é
direcionada para fora da cidade, com investimentos, provenientes da produção
francisquense em outros municípios.
Resultado:
O que se percebe nitidamente é que a cidade não se desenvolve na proporção de
seu potencial econômico. Continua com a massa populacional pobre no mais amplo
dos sentidos, de forma que profissionais mais ousados não se instalam na cidade,
preferindo apostar sua técnica e saber, com o conhecimento mais atual e
profissional, noutras cidades, inclusive na vizinha Joinville ou Jaraguá do Sul,
cujo PiB também é dos mais atraentes no Estado, atingindo
R$34.000,00.
Assim, diante do quadro que se denota, a pobreza da cidade afasta a
qualificação de sua frequência. Basta ver que suas praias são frequentadas, na
maioria, pelos operários das cidades vizinhas e os altos escalões das empresas
instaladas na cidade, Petrobras, Vega do Sul entre outras, residem noutros
municípios, que permitem desfrutar de qualidade melhor do que o lugar onde
trabalham.
Um exemplo do descaso que a elite francisquense vira as costas para
a cidade é que a Associação Comercial local não tem nos seus quadros
associativos, empresas maiores, quer no ramo industrial, quer no comercial,
preferindo esses maiores empresários, estarem associados a ACIJ, Associação
Comercial e Industrial de Joinville, onde o peso de suas deliberações impõe
respeito. Os empresários de Joinville
são respeitados, ouvidos e se manifestam não apenas no âmbito local ou
estadual, porém nacional. Os candidatos a presidência da República, nos últimos
anos, em campanha tem visitado a ACIJ.
São
Francisco do Sul, com a concentração de renda, não tem peso politico e o povo
desta cidade, cuja beleza natural é impar, está alijado de qualquer progresso e
desenvolvimento.
O processo de mudança se faz necessário. Para tanto é preciso que a
classe politica se movimente nesse sentido e que a população pressione para que
haja melhor distribuição do pib e os investimentos sejam direcionados para o
mesmo município, carente de serviços públicos à altura do nível de produção
apontado.
Insta aqui apresentar um parentese, denunciando que entre as 700
cidades cuja qualidade de vida se destaca, Santos, Sp, é a 12a.; Joinville, é a
5a. do Estado e 87a. do Brasil; Jaragua do Sul, é a 145a. sendo certo que São
Francisco do Sul, está fora da listagem na qual se encontra Itapoá, pequeno
municipio situado nas margens norte da baia de Babitonga, limitando-se com S.
Francisco do Sul. Também Pariquera Açu, no Vale do Ribeira e Boa Vista, capital
do Estado de Roraima, estão listadas.
No
entanto essa mudança não se vislumbra, pois, a população não se dá conta da
necessária mudança e seus políticos, se acomodam dentro do quadro elitizado que
se fecharam.
O município perdeu sua vocação natural. E assim está desorientada,
com a população mais qualificada evadindo-se, para não estagnar nas soleiras de
bares e botecos.
Enfim, o exemplo de concentração de renda é uma síntese da
concentração de poder político e econômico e consequentemente de poder de
comando que torna um povo servil e obediente, de modo a servir de exemplo a
todas as comunidades nessa situação.
Cidades adminstradas por coronéis,
cujo povo idolatra e venera elite e concentração de poder, tem sua força
produtiva a serviço de poucos e as multidões de trabalhadores servis aos seus
comandantes, como ocorre no exemplo apontado, São Francisco do
Sul.
ROBERTO J. PUGLIESE
www.pugliesegomes.com.br
( Dados colhidos do IBGE )
Conselho Editorial (inspirado) Carlos H. Conny, presidente; M. Covas, Miguel S. Dias, W. Furlan, Edegar Tavares, Carlos Lira, Plínio Marcos, Lamarca, Pe. João XXX, Sérgio Sérvulo da Cunha, H. Libereck, Carlos Barbosa, W. Zaclis, Plínio de A. Sampaio, Mário de Andrade, H. Vailat, G. Russomanno, Tabelião Gorgone, Pedro de Toledo, Pe. Paulo Rezende, Tabelião Molina, Rita Lee, Izaurinha Garcia, Elza Soares, Beth Carvalho, Tarcila do Amaral, Magali Guariba, Maria do Fetal,
24 março 2012
São Francisco do Sul x concentração de renda e poder.
Advogado, paulistano, professor de direito, defensor de direitos humanos. Bacharel pela PUC -SP em 1974, pós graduado em Direito Notarial, Registros Públicos e Educação Ambiental. Defensor de quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores artesanais... Edita o Expresso Vida.
Autor de diversos livros jurídicos.São incontáveis os artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, jornais etc. Integra a Academia Eldoradense de Letras,Academia Itanhaense de Letras. Titular da cadeira nº 35 da Academia São José de Letras. Integra o Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc. Consultor nacional da Comissão de Direito Notarial e Registraria do Conselho Federal da OAB.Foi presidente por dois mandatos da OAB-TO - Gurupi. Sócio desde 1983 do Lions Clube Internacional. Diretor de Opinião da Associação Comercial de Florianópolis. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia. CIDADÃO HONORÁRIO DA ESTANCIA DE CANANÉIA, SP.
www.pugliesegomes.com.br
Residente em Florianópolis.
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