Memórias nº 78
Rio do Poço.
Espremido entre o manguezal e
o morro, junto à estrada de ferro, o rio do Poço é um bucólico leito, sem muita
profundidade e largura que nasce como um filete líquido no Cibratel e, serpenteando para lá e para
cá, passa atrás do Mine-Golf,
atravessa o centrinho do Belas Artes, cruza com a ferrovia nas proximidades da
antiga parada do Km. 60, e após algumas voltas, deságua mansamente no rio
Itanhaém, tornando-se o seu último tributário.
Certa manhã resolveram navegar
por ele. Maré cheia, o Camarão, o
bote de inflar, cor de abóbora, para seis passageiros, movido pelo Honda quatro tempos, à gasolina, 7 hp’s,
pilotado por Lourenço, adentrou cuidadosamente pelo leito desconhecido.
Regininha, Gil e Lourença esposa.
Cuidadosamente avançaram
tranquilamente observando as raízes expostas dos mangues, os ninhos de garças e
chegaram à parada do Km. 60, onde rio, já bem mais estreito, forma um cotovelo
em direção oposta à ferrovia e segue sempre esprimido pelo mangue.
Logo surge a primeira ponte e
os navegantes ultrapassam a ferrovia, que da margem direita dali em diante
segue pela margem esaquerda.
Mais uma curva e os fundos de
casas atingem o leito, nesse ponto, sujo de lixo e esgoto residencial. Já
àquele tempo, a violência ambiental começava a destruir a Amazonia Paulista...
Os quatro navegavam
vagarosamente apreciando a paisagem agora urbana, próximo à Praça Zilda Natel,
no centrinho do bairro. Estão próximos ao movimento dos automóveis que da
Avenida Peruibe cruzam pela ponte em direção a então Avenida 31 de Março.
Barulho de zona urbana. Acabam os pássaros, o mangue, o silencio que então era
quebrado apenas pelo barulho do motor.
A ponte tem o vão não muito
grande. Uns seis metros talvez, mas é larga o bastante para as duas pistas e as
calçadas. Com a maré alta, torna-se baixo para que atravessem. É escura.
Assusta.
Com o motor desligado e
suspenso, para evitar algum tronco, pedra ou obstáculo, decidem atravessar e com
duas ou três remadas, estão do outro lado. Passaram semi deitados e sentem-se
vitoriosos.
Retomam a navegação. Seguem
pelas curvas em direção a nascente. Cada vez mais estreito próximos ao
Mini-Golfe torna-se impossível prosseguir. O rio do Poço é um córrego com pouco
mais de um metro de largura...
(...)
Passeio inesquecível que,
iguais tantos e tantos outros, os dois casais, ao longo de convivência sadia e
amiga, oportunizaram essa e outras lembranças.
Noutra ocasião, estavam os
quatro no Rio de Janeiro e foram a um clube de mineiros. Um pessoal de Minas
radicado no Rio tinha nas proximidades da Restinga da Marambaia, perto à Pedra
da Guaratiba, adquirido uma ilhota fluvial, e lá, ergueram um clube bem
familiar.
Uma ilha de mineiros na qual o
tio da Regininha era um dos sócios e mineirinho de BH, residente no Rio, como os demais daquela sociedade fechada.
O acesso era através de canoa.
Um ribeirão com quase 20 metros de largura isolava a ilha da estrada. Uma canoa
que era do clube e ficava à disposição dos sócios e convidados. E por
conhecerem um sócio, foram passear por lá. Atravessaram e passaram algumas horas no bar,
na piscina, jogando conversa fora...
No retorno, no meio do rio,
Gil fez com que a canoa virasse e todos fossem repentinamente para água naquela
tarde calorenta de verão. Junto a canoa de um só tronco nadaram os quatros até
a margem...
Roberto J. Pugliese
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São
José de Letras
inesquecível aventura nossa!!!
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