Memória nº 74
OAB-TO: posse
solene.
A eleição estava ganha.
Disputando contra a situação apoiada pelo Conselho Seccional e por políticos
que tinham embates fortes na esfera estadual, ganhara a eleição numa proporção
de dois votos à um.
Em menos de um ano instalado
no novel Estado, conseguira aglutinar para o seu lado os advogados descontentes
e principalmente os advogados imigrantes, como ele, que traziam ideias novas e
queriam colaborar na construção da advocacia, da justiça e do Estado do
Tocantins.
Precisava tirar vantagem do
sucesso. Fizera o mais difícil que fora vencer e quebrar a oligarquia
existente, cujo poder era concentrado e mau administrado tradicionalmente. A
posse deveria ser solene e festiva, para que toda a família forense soubesse e
que as autoridades públicas tomassem conhecimento que estava assumindo a OAB-TO
em Gurupi, a maior subsecção em número de profissionais, em território e com a
sede da única faculdade de direito do Estado.
E foi atrás de recursos.
Conseguiu parte com a
prefeitura local e parte com o prefeito de Dueré, município vizinho, integrante
da jurisdição da 2ª. Subsecção da OAB-To.
Convidou todo mundo.
Autoridades e membros de entidades situadas nos municípios da subsecção e de
outros lugares, mesmo distantes, mas com
relações institucionais com a advocacia. Inclusive autoridades judiciárias,
legislativas e o governador foram convidados.
A posse foi realmente solene.
Mestre de cerimônias, mesa formada, hino nacional, entrevistas para a única
rádio local, para duas das cinco emissoras de TV da cidade, para os jornais de Goiânia,
com sucursais em Gurupi e coquetel para ninguém botar defeito.
Muita gente de terno e
vestido longo enfrentando o calor daquela noite festiva.
Discursos e representantes de
gente importante nos meios sociais, empresariais, acadêmicos e do funcionalismo
público federal, estadual e local.
Segundo Furlan, seu amigo e
vice presidente, nunca, até então, acontecera um evento dessa grandeza no solo
tocantinense. A partir daquele sábado, passou a ser uma figura exponencial e
fazer valer as prerrogativas da classe e próprias, na condição de advogado, num
país que estava dando posse ao primeiro presidente da república eleito pelo
voto direto, desde 1960.
Na mesma data, assinou
publicamente, na frente de todos, após tomar posse, inúmeros convênios com
entidades e a Ordem, para trazer aos colegas benefícios econômicos e
facilidades.
Lourenço marcou forte. Deixou
patente sua presença. Conquistou amigos e modernizou toda a estrutura da OAB,
tendo influencia política em todo o Estado. Soube se impor e defender a classe
durante o mandato.
Celebrou inúmeros convênios em várias cidades com diversas empresas. Aproximou o Poder Judiciário aos interesses da advocacia e o Ministério Público. Juntou-se aos reclamos dos servidores de modo a fazer a advocacia aliada e parceira. Nomeou diversas comissões e fez com que a maioria dos advogados participasse da administração. Deu voz e tribuna aos advogados do Tocantins.
Visitou durante sua gestão
todos os municípios do território da subsecção. Inaugurou duas salas de
advogados. Proferiu palestras sobre a importância do advogado. Exigiu que os
órgãos públicos abrissem espaços para que houvesse vagas para advogados nos
colegiados e indicou diversos colegas para titular e suplência.
Também organizou e encabeçou
a primeira passeata, no Estado do Tocantins, pedindo o impedimento do
presidente da República, movimentando todo o sul do Estado.
Enfim, a gestão foi um grande sucesso.
Descentralizou e modernizou a OAB. Valorizou a profissão e os advogados.
Dois anos depois foi reeleito
sem oposição.
Dada a administração exitosa
não houve oposição e Lourenço ganhou em chapa única sem disputar com os poucos
descontentes que se perderam.
A posse naquele fevereiro de 1993 se deu em gabinete
sem qualquer festa.
Roberto J. Pugliese
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São
José de Letras
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