Porto de Cubatão
Foi num sábado em 1979.
Lourenço, a mulher e o filho encontraram-se logo cedo com Antonia e Claudinho, o filho que deveria
ter à época por volta de dez ou doze anos, não mais que isso, no Porto de
Cubatão. Alugou um pequeno barco, com um piloto muito jovem e conforme haviam
combinado navegaram para o Marujá, na extremidade sul da Ilha do Cardoso.
A esse tempo ainda residia em
São Paulo e estava procurando área para adquirir. Queria erguer um rancho. Uma
casinha simples no meio da praia deserta daquela paradisíaca ilha.
Passaram o dia e no meio da
tarde retornaram.Enquanto Lourenço Jr, Lourença esposa, Claudinho e Antonia
ficaram na praia, ele aproveitou para especular com os moradores algum imóvel
nos termos que pretendia...
Navegaram bem quase até a
ilha da Casca. Ocorre que nas imediações da baia de Trapandé o tempo mudou. O
mar encrespou e o vento soprava contra e forte.
O destino era seguir de onde
partiram pela manhã. Ao invés de seguir para Cananéia, seguiram à oeste, em
direção ao fundo da baia, onde é conhecida por mar de Irariaia e de lá, contornando a Quarentenária, pelo mar de Cubatão seguir até a marina onde
deixara o carro pela manhã, no continente.
O mar estava bastante
revolto. O barco de alumínio pulava e o piloto inexperiente estava visivelmente
inseguro.
A grande preocupação de todos
era com Lourenço Jr, que ainda de colo, com menos de um ano de idade, se
houvesse o sinistro, seria difícil poupa-lo. A inexperiência do piloto
anunciava uma tragédia.
Lourenço queria chegar à popa
para assumir o comando da embarcação, porém não conseguia e sentado no assoalho
do barquinho de alumínio, se agarrava às pernas de Antonia para firmar-se e
firma-la, já que estava solta num banco sem encosto.
Lourença, o filho e Cláudio,
mais atrás, entre o piloto e Antonia, se firmavam como podiam no assoalho, um
encostado no outro, com Lourenço Jr, com boias nos bracinhos, apertado no colo
da mãe.
Enfim, aos solavancos e medo
conseguiram chegar ao fundo da baia. Nesse ponto, com a mudança de direção,
protegidos do vento pela ilha de Cananéia, o mar se acalmou permitindo seguirem
até o Porto de Cubatão com segurança.
Lourenço tem na memória diversas situações
semelhantes que ao longo da vida enfrentou navegando. Navegar é preciso.
Roberto J. Pugliese
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São
José de Letras
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