03 março 2014

Baia de Trapandé. O susto. ( memória nº 70)

Memória nº70
Porto de Cubatão

 

Foi num sábado em 1979. Lourenço, a mulher e o filho encontraram-se logo cedo  com Antonia e Claudinho, o filho que deveria ter à época por volta de dez ou doze anos, não mais que isso, no Porto de Cubatão. Alugou um pequeno barco, com um piloto muito jovem e conforme haviam combinado navegaram para o Marujá, na extremidade sul da Ilha do Cardoso.

 

A esse tempo ainda residia em São Paulo e estava procurando área para adquirir. Queria erguer um rancho. Uma casinha simples no meio da praia deserta daquela paradisíaca ilha.

 

Passaram o dia e no meio da tarde retornaram.Enquanto Lourenço Jr, Lourença esposa, Claudinho e Antonia ficaram na praia, ele aproveitou para especular com os moradores algum imóvel nos termos que pretendia...

 

Navegaram bem quase até a ilha da Casca. Ocorre que nas imediações da baia de Trapandé o tempo mudou. O mar encrespou e o vento soprava contra e forte.

 

O destino era seguir de onde partiram pela manhã. Ao invés de seguir para Cananéia, seguiram à oeste, em direção ao fundo da baia, onde é conhecida por mar de Irariaia e de lá, contornando a Quarentenária, pelo mar de Cubatão seguir até a marina onde deixara o carro pela manhã, no continente.

 

O mar estava bastante revolto. O barco de alumínio pulava e o piloto inexperiente estava visivelmente inseguro.

 

A grande preocupação de todos era com Lourenço Jr, que ainda de colo, com menos de um ano de idade, se houvesse o sinistro, seria difícil poupa-lo. A inexperiência do piloto anunciava uma tragédia.

 

Lourenço queria chegar à popa para assumir o comando da embarcação, porém não conseguia e sentado no assoalho do barquinho de alumínio, se agarrava às pernas de Antonia para firmar-se e firma-la, já que estava solta num banco sem encosto.

 

Lourença, o filho e Cláudio, mais atrás, entre o piloto e Antonia, se firmavam como podiam no assoalho, um encostado no outro, com Lourenço Jr, com boias nos bracinhos, apertado no colo da mãe.

 

Enfim, aos solavancos e medo conseguiram chegar ao fundo da baia. Nesse ponto, com a mudança de direção, protegidos do vento pela ilha de Cananéia, o mar se acalmou permitindo seguirem até o Porto de Cubatão com segurança.

 

 Lourenço tem na memória diversas situações semelhantes que ao longo da vida enfrentou navegando. Navegar é preciso.

 

Roberto J. Pugliese
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras

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