Planta encontrada na Barra do Ararapira, no Parque Nacional de Superagui, deixa a cachaça com um gosto especial e conquista apreciadores.
FRANCO CALDAS FUCHS, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO
Um arbusto encontrado no Parque Nacional do Superagui, em Guaraqueçaba, é a base de uma bebida conhecida como o uísque caiçara. A cataia, cujo nome em tupi-guarani significa “folha que queima”, é o ingrediente capaz de transformar a pinga em um líquido da cor do uísque, tão precioso quanto um bom scotch. Mesmo sem ser vendida em larga escala, pela dificuldade de obtenção – a planta é encontrada em uma faixa de terreno alagado e de difícil acesso na Barra do Ararapira, a 40 quilômetros de Superagui –, a bebida ganha novos admiradores a cada dia. Quem vai a Guaraqueçaba ou à Vila de Superagui e prova a bebida não se esquece mais. Foi assim com o médico veterinário Reinaldo Zaleski, 28 anos, de Curitiba. “Conheci a cataia em 2001, na primeira vez que visitei Superagui. Experimentei ao som de um bom fandango”, recorda.
Rubens Muniz diz ser o primeiro a pôr cataia e cachaça na mesma garrafa Arbusto também é usado como remédio São muitas as propriedades curativas atribuídas à cataia, planta conhecida cientificamente como Pimenta pseudocaryophyllus. A planta é utilizada tanto para cicatrizar ferimentos, como para tratar problemas estomacais, como azia, diarreia e dor de estômago. Há também quem diga que ela é um santo remédio para combater a impotência sexual. Sem falar do uso culinário. “Tem muita gente que gosta de temperar alimentos, doces ou salgados, com a cataia. Ela pode entrar no feijão, por exemplo, substituindo a folha de louro”, conta Shirlei Pinto, integrante da Associação das Mulheres da Barra do Ararapira.
No intuito de investigar as características da planta, o professor de Bioquímica da Universidade Federal do Paraná no Litoral (UFPR-Litoral) Rodrigo Vassoler Serrato iniciou um projeto de pesquisa sobre a cataia no fim do ano passado. “A intenção é avaliar as propriedades medicinais da planta. O que já se sabe é que ela é rica em um composto como o eugenol, substância antiséptica e anestésica muito utilizada na fabricação de pastas de dente”, afirma Serrato. Desde então, Zaleski sempre tem uma garrafa em casa, preparada por ele mesmo com as folhas que traz a cada visita ao Superagui. “O sabor e o frescor são únicos. Por isso é bom bebê-la pura, sem gelo. Só que é preciso saber tomar, senão você cai. O segredo é tomar de bicadinha”, aconselha. A bebida tem teor alcoólico variando entre 20% e 40%, dependendo do preparo. Outro apreciador da cataia é o engenheiro agrônomo Carlos Campos, que trabalha em Gua¬raqueçaba há 5 anos. Desde que aprendeu a receita na Barra do Ararapira, Campos passou a fazer experimentações, curtindo a cataia na tradicional cachaça de Morretes, na vodca, no steinhager, no conhaque e até no uísque. “A planta fica bem com quase todos os destilados. Sem falar que, misturada ao mel de jataí ou com limão, também fica excelente”, conta o agrônomo, que mantém uma produção artesanal em casa. “Tive de aumentar a produção para atender aos amigos. Eles sempre fazem a limpa no meu estoque”, revela.
Origem Pela proximidade com a Ilha do Cardoso (SP), onde também há cataia, a origem da bebida é reivindicada igualmente pelo Litoral paulista. A discussão termina, porém, quando chega aos ouvidos de Rubens Muniz, 63 anos. Nascido e criado na Barra do Ararapira, onde tem uma pousada e restaurante, Muniz é categórico em afirmar que foi ele quem teve a ideia de misturar cataia e cachaça na mesma garrafa. “Nossos antepassados já usavam o chá da planta para tratar azia, má digestão e muitas outras coisas. Até que, em 1985, resolvi experimentá-la na pinga. E deu certo”, relata.
Hoje há um bom número de pessoas preparando a cataia por conta própria e é possível encontrar algumas garrafas com rótulos das cidades paulistas de Cananeia e Ilha Comprida. Mas quem quiser experimentar a legítima cataia engarrafada em Superagui pode procurar por Edna Aparecida Santana, nora do seu Muniz. Ela preside a Associação de Mulheres da Barra do Ararapira, grupo que passou a comercializar o uísque caiçara como forma de complementar a renda familiar – atividade apoiada pela prefeitura de Guaraqueçaba e pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater-PR). “Colhemos a planta no meio do mato, o que fazemos com muito cuidado. Diferente de muita gente que vem aqui, arranca quase a árvore inteira e vai embora”, desabafa Edna, denunciando a extração predatória.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a extração de cataia no Parque Nacional do Superagui fica restrita à comunidade do Ararapira e em caráter excepcional. “Em uma unidade de proteção integral como Superagui é claro que o uso dos recursos naturais é vedado. Mas entendemos que o uso da cataia por essa comunidade tradicional não traz prejuízo ao ambiente e assegura um retorno econômico a eles”, diz Marcelo Bresolin, chefe do Parque Nacional do Superagui.
Serviço A bebida engarrafada pelas Produtoras de Cataia da Barra do Ararapira é vendida a R$ 15 o litro em diversos estabelecimentos de Guaraqueçaba e diretamente na Barra do Ararapira. Informações na Pousada Izamar, telefone (41) 3852-1181. Na Vila do Superagui também há diversos estabelecimentos que vendem cataia, como o Bar e Pousada Akdov, telefone (41) 3482-7158.
Para quem gosta de cachaça, a mistura é realmente uma delicia...
Roberto J. Pugliese
Conselho Editorial (inspirado) Carlos H. Conny, presidente; M. Covas, Miguel S. Dias, W. Furlan, Edegar Tavares, Carlos Lira, Plínio Marcos, Lamarca, Pe. João XXX, Sérgio Sérvulo da Cunha, H. Libereck, Carlos Barbosa, W. Zaclis, Plínio de A. Sampaio, Mário de Andrade, H. Vailat, G. Russomanno, Tabelião Gorgone, Pedro de Toledo, Pe. Paulo Rezende, Tabelião Molina, Rita Lee, Izaurinha Garcia, Elza Soares, Beth Carvalho, Tarcila do Amaral, Magali Guariba, Maria do Fetal,
05 janeiro 2012
Cataia - whisky dos caiçaras !
Advogado, paulistano, professor de direito, defensor de direitos humanos. Bacharel pela PUC -SP em 1974, pós graduado em Direito Notarial, Registros Públicos e Educação Ambiental. Defensor de quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores artesanais... Edita o Expresso Vida.
Autor de diversos livros jurídicos.São incontáveis os artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, jornais etc. Integra a Academia Eldoradense de Letras,Academia Itanhaense de Letras. Titular da cadeira nº 35 da Academia São José de Letras. Integra o Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc. Consultor nacional da Comissão de Direito Notarial e Registraria do Conselho Federal da OAB.Foi presidente por dois mandatos da OAB-TO - Gurupi. Sócio desde 1983 do Lions Clube Internacional. Diretor de Opinião da Associação Comercial de Florianópolis. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia. CIDADÃO HONORÁRIO DA ESTANCIA DE CANANÉIA, SP.
www.pugliesegomes.com.br
Residente em Florianópolis.
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