Memória nº44
Porto Nacional e Santos:
Incidentes pitorescos.
Depois de algumas semanas
mulher e filho estavam retornando à Gurupi. Passaram os festejos de final de
ano em São Paulo e pousariam por volta das 10 horas em Porto Nacional, onde se
encontra o melhor aeroporto do Estado.
Cedinho Lourenço pegou a
estrada. Calor, tempestade prevista, abasteceu com álcool, verificou o nível do
óleo e completou o nível da água do reservatório auxiliar do radiador. ( O reservatório de água sempre era entupido
de água, mas ele não dava a devida importância.) Tudo em ordem:
Belém-Brasília, Fátima e o aeroporto era o destino. Pela frente, 190 km. para
percorrer em 2 horas.
Em pouco mais de uma hora já
passava por Fátima e adentrava na TO 255, rumo a mais tradicional cidade do
Estado, para percorrer os restantes 70 Km.
Muito sol. Calor e estrada
vazia naquele domingo, quando escuta um estrondo e observa sair do tampão do
motor fumaça. Atenta-se no volante verificando se eram os pneus e não dá muita
importância seguindo sem parar.
Anda mais alguns minutos e
percebe que a temperatura do motor elevou-se sobremaneira e a fumaça idem. A
fumaça na verdade era vapor. Sem
titubear, sai da rodovia e ingressa num sítio à beira, pedindo para o
proprietário permitir que deixe o auto por lá para ir buscar ajuda.
O reservatório havia
explodido pela pressão do calor e o elevado nível de água que não permitiu
sobrar espaço da evaporação consequente.
Em 1991 não havia telefone
móvel. No Tocantins telefone era raro e na zona rural...algo inconcebível.
Foi à beira do asfalto tentar
carona, numa estrada vazia, com o sol já dando lugar às nuvens escuras, quando
se deparou com um ônibus que passava em direção à Porto Nacional. O coletivo
era da linha e estava no horário, que por sinal, era também do pouso do avião.
Não tinha outra alternativa e
seguiu viagem no coletivo até adentrar na cidade, quase duas horas depois, e no
centro descer, pagar e contratar um taxi.
- Preciso ir para Gurupi...
antes me leve ao aeroporto.
Negociou preço e outros
detalhes.
No portão principal do
aeródromo sua família o esperava com certa preocupação, esclarecendo que uma
das malas extraviara e seguira para Belém.
Acomodaram-se e iniciaram a
viagem, que dada a experiência no volante, percebeu que o motorista não tinha o
mínimo traquejo e colocaria todos em risco. Logo estariam saindo da rodovia
estadual, sem movimento e ingressariam na BR153, movimentada e preocupou-se.
Criativo, determinou que
parasse num posto de gasolina para... Ir ao banheiro, abastecer, comer algo...
Enfim, para sugerir que ele guiasse.
- Se importa que eu vá
guiando. Está chovendo... e blá blá blá...E
conseguiu convencer o motorista a lhe entregar o volante. Antes haviam dado uma
paradinha no sítio e conversara com a dona, explicando que segunda ou terça
feira viriam buscar o carro.
Sem muita conversa sob a
tromba d’água comum àquela época do ano, de Fátima à Gurupi dirigiu o automóvel
e a família com a segurança indispensável. Lourenço assumiu o volante. Na porta
de casa, tiraram as malas, acertaram as contas e despediram-se do motorista que
viera de carona.
No dia seguinte o mecânico de
sua confiança foi ao sítio retirar o auto... que retornou à reboque.
Lourenço dirigira o taxi
desde de Fátima até sua casa debaixo da tempestade.
Anos antes ia de Itanhaém à
Santos com um cliente para uma audiência no Forum santista. Ao chegarem na
bifurcação, onde a rodovia segue de um lado, em direção a Samaritá e Cubatão e
de outro para Praia Grande, São Vicente, Ponte Pensil, Santos, o carro quebrou.
Deu tempo apenas para estacionar o carro no acostamento.
Trancou o auto e
imediatamente conseguiu parar um taxi que passava no local. O motorista tomando
conhecimento do incidente passou numa oficina nas redondezas, Lourenço deixou
as chaves e seguiu para a audiência.
Mais tarde, após a solenidade
na Vara Cível, num outro taxi foram direto para oficina e pegaram o carro que
já fora consertado.
Interessante que a
coincidência impediu que perdessem a hora designada para o ato judicial. Muita
sorte o taxi ter passado no momento que o auto quebrara em plena rodovia.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brpresidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras
Autor de Terrenos de Marinha e seus Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud
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