O entreposto pesqueiro e o Ministério da Pesca.
Cananeia situada no litoral sul do Estado de São Paulo junto
ao limite que tem com o Paraná é constituída por vasto arquipélago, com
inúmeras ilhas e parques florestais, áreas de restrições ambientais e reservas
marítimas.
Sua população em torno de 12 mil habitantes, com a metade
espalhada pela zona rural, parte nos bairros do continente e o restante nas
diversas ilhas. O turismo é junto com a pesca a alavanca econômica local, com a
agricultura incipiente também contribuindo, porém decadente dada as restrições
ambientais que lhe são impostas.
Póximo à Praça Martim
Afonso, o lugar mais central do municipio, entre a foz do rio Olaria e a
bancada de residências centenárias existentes de fronte o Mar de Dentro, ao longo da Rua Bandeirante,
foi erguido durante o governo Laudo Natel, no final da década de 1970, o
Terminal Pesqueiro, então pertencente ao CEASA do Estado de São Paulo,
posteriormente incorporado ao CEAGESP, também estatal paulista.
Tratava-se de um prédio modesto da CIBRAZEM que depois de
entregue ao governo paulista foi ampliado e adequado às necessidades da região.
Sempre funcionou à contento e movimentou a economia
pesqueira, com diversas empresas e incontáveis pescadores artesanais se valendo
do terminal para suas atividades. O terminal inclusive recebe embarcações de
outros portos, notadamente Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Dispõe de 23 lojas, local apropriado para venda de pescado
ao varejo, porto de atracação com todo equipamento necessário à carga e descarga
de pescado; oficina com rampa e equipamento para reforma de embarcações,
fábrica de gelo e outros implementos do ramo pesqueiro naval.
Há poucos anos atrás durante a fúria política de
privatizações, o governo paulista privatizou inúmeras empresas para fazer
caixa: Fepasa, Vasp, Hotéis Glória e Ceagesp entre outras inúmeras.
Algumas, como a de Hotéis foram repassadas aos municípios
onde os hotéis estavam em funcionamento. Outras foram divididas, dado o
interesse da iniciativa privada. Assim o CEAGESP, teve o terminal pesqueiro de
Cananéia entregue à União. Aliás salienta-se que terminal pesqueiro público
paulista existe em Cananéia, Santos e Ubatuba.
A União, através do Ministério da Pesca repassou à
administração a empresa particular para explorar o terminal. No entanto, essa
apenas arrecadou os altos valores das receitas advindas da movimentação e não
mais aplicou e investiu no terminal. A ausência de investimento chegou a se
tornar inadimplente junto a concessionária de energia elétrica e água, tendo o fornecimento
suspenso.
O Ministério da Pesca retirou a empresa da administração do
terminal pesqueiro e hoje se encontra vago, sem administração, sem
administrador, sem gerencia, sem alguma autoridade para gerenciar o complexo
portuário de grande importância para a cidade e para o Estado de São Paulo.
A Colonia de Pescadores Apolinário Araújo, Z9, de Cananéia,
por intermédio do Wagner Klienki, seu presidente entendeu assumir a
adminstração do empreendimento. Recebeu apoio irrestrito do presidente da
Federação de Pesca do Estado de São Paulo. Na cidade os vereadores se dizem
chocados, mas não sabem o que fazer e o
prefeito, ainda acuado por processo eleitoral, se omite.
No entanto, a despeito de projeto elaborado e já entregue, e
outras exigências solicitadas já cumpridas, não há resposta objetiva e o
terminal está sem rumo. Todos chegam, usam e verdadeiramente, se valem da
iniciativa particular de cada interessado. Está sendo destruído, sem
conservação, sem qualquer fiscalização etc. O patrimônio público está sendo
dilapidado.
Pela desídia do Ministério da
Pesca tudo leva crer que o terminal pesqueiro não terá mais condições de
funcionamento e aproximadamente mil e quinhentos pescadores artesanais da
região e diversas empresas pesqueiras ficarão à deriva e impedidas de
frequentarem o terminal pesqueiro.
A situação está bastante difícil
para os pescadores e empresários e a econcomia local que tem sua sustentação
embasada no movimento pesqueiro já está sentindo resultados negativos e
bastante prejudiciais ao município.
O Prefeito Municipal não toma
iniciativa. Os vereadores idem. A Associação Comercial permanece quieta. Enfim:
O terminal está em fase terminal e a cidade e seu povo sofrerão consequências
inadiministráveis.
Aguardem. Lamentavelmente
aguardem.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brpresidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras
Autor de Terrenos de Marinha e seus Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud
É um crime o que está acontecendo. Os 1.500 pescadores não merecem respeito nem atenção das autoridades competentes (se podemos chamar assim). Estão, de certa forma, impedidos de trabalhar por isso pergunto: receberão o "auxilio defeso" para todo o sempre, principalmente porque a culpa, no caso, está sendo creditada tão sòmente à União.
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