Diálogo de surdos. ( STF x ordem jurídica )
O Expresso Vida traz um texto bem elaborado
que retrata a situação escandalosamente exposta sobre a corrupção no país.
“
Breve diálogo sobre o STF, a política e a
violação do Direito no Brasil
DAVIS SENA FILHO,
18 de Novembro de 2013.
No
Brasil, não se prende apenas pobre, preto e puta. A Casa Grande e seus
serviçais públicos e privados acrescentaram mais um "P" à sua
perversa doutrina: os petistas
—
Onde está o Luiz Estevão? Tá solto, dotô.
—
Onde está o Pimenta Neves? Tá solto, dotô.
—
Cadê o Brilhante Ustra? Tá solto, leve e livre.
—
Por onde anda o Roger Abdelmassih? Soltinho da silva.
— E
o que falar do Reginaldo Pereira Galvão, o Taradão?
—
Está livre como um passarinho...
—
Fala-me do Salvatore Cacciola.
—
Ah, este foi preso, solto, fugiu pra Itália e anos depois foi preso na Suíça.
Novamente preso no Brasil, já está solto. O banqueiro realmente deixou sua
Marka no STF. Não esqueçamos do Naji Nahas, tá? Aquele que quebrou a Bolsa de
Valores do Rio de Janeiro.
—
Cadê o Nahas?
—
Dotô, adivinha... Não faça cara de espanto. Isto mesmo, solto, lépido e
fagueiro.
—
Qual é a situação dos irmãos Antério e Norberto Mânica?
—
Estão soltos, dotô.
—
Você lembra do Daniel Dantas? Lembra? Onde ele está?
—
Solto dotô, mas esse assunto é antigo...
—
Onde estão os políticos e empresários do mensalão do PSDB e do mensalão da
compra dos votos para reeleger Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I?
—
Estão soltos e jamais serão punidos pelo STF e denunciados pela PGR.
— O
que aconteceu com José Serra, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab quanto aos
Trensalão e Metrosalão?
—
Nada! Nadica de nada!
—
E quanto à Privataria Tucana, ao Príncipe da Privataria, ou seja, a
privatização vergonhosa do patrimônio público efetivada pelos tucanos quando
estiveram no poder? Este, sim, o maior escândalo da história da República...
—
Dotô, aí o senhor está querendo saber demais. Está me pressionando. Eu não
tenho resposta pra tanta safadeza... Tanta roubalheira...
—
Alston e Siemens, o que você acha?
— A
imprensa tucana se cala, dotô? Até agora o que se vê são os barões de mídias
atacarem o prefeito Haddad ao invés de mostrar a corrupção tucana.
— E
o rouboanel, os pedágios caríssimos, os escândalos Banestado, Bicheiro
Cachoeira-Demóstenes-Época-Veja?
—
Ih, esquece, dotô! Não se toca no assunto e nem se publica. Além disso, os
crimes da imprensa não chegam aos plenários das instâncias mais altas do
Judiciário para votação e julgamento. O senhô não viu como acabou a CPI do
Cachoeira? Esvaziada como um balão sem ar.
— E
por onde andam todas as pessoas envolvidas com tantos escândalos comprovados e
documentados? Até livros publicados têm...
—
Soltas e livres, dotô! Estão curtindo a vida, dão gargalhadas de chorar e doer
seus estômagos. Acho até que eles pensam que todo brasileiro não passa de um
otário ou idiota. Sem comentários...
—
Então a maioria dos juízes do Supremo Tribunal Federal e dos procuradores da
Procuradoria Geral da República são cegos, mudos e surdos?
—
...E ingênuos! Quanta ingenuidade, dotô! Estou espantado e de queixo caído com
tanta inocência. Até parece que eles nasceram ontem. Os juízes e os promotores,
dotô, assim como a imprensa alienígena, têm lado, ideologia, partido político,
classe social e muitos deles têm time de futebol e escola de samba.
— É
mesmo, é?
—
Peraí, dotô, inocência tem limite! Não vai me dizer que o senhô não sabia que
esses homens e mulheres que se vestem com a cor do luto ou dos corvos e usam a
capa do Zorro são politicamente conservadores, representam os interesses do
establishment e lutam para manter intacto o status quo das classes sociais
dominantes?
—
Ouvi falar de alguma coisa, mas não sabia que a banda toca dessa maneira aqui
em nosso...
— Se
o senhô não sabe, quero te informar também que eu estou a pronunciar as
palavras “senhô” e “dotô” por motivo de deboche, pilhéria, gozação, ironia e
zombaria. Eu estou mangando do senhor, doutor, como diz o povo do nosso
Nordeste, pois sei muito bem o que está em jogo neste País: a luta pelo poder,
pela Presidência da República e pelo fim ou diminuição dos programas de
distribuição de renda e de riqueza. A burguesia, a direita não tolera a
emancipação do povo brasileiro e que ele freqüente aeroportos, restaurantes,
edifícios, universidades, shoppings e visite Miami, Nova Iorque, Londres e
Paris. As cortes da “elite” brasileira de caráter colonizado, subserviente,
subalterno e portador de um incomensurável e inenarrável complexo de vira-lata.
—
Meu Deus, eu estou chocado!
—
Que é isso, dotô? Pára com isso! Os coxinhas ricos, pobres e remediados
são assim, e, o pior, sentem orgulho de suas ignorâncias e alienações. Para
perpetuar a hegemonia, ou seja, os privilégios, a direita, a burguesia
escravagista e seu principal porta-voz, o sistema midiático de negócios
privados, precisam desconstruir o PT, desqualificar os projetos e programas dos
governos trabalhistas e destruir a imagem de militantes históricos do Partido
dos Trabalhadores, e, por sua vez, apostar em julgamentos que não respeitam o
estado democrático de direito, a Constituição Federal e o Direito processual. É
um verdadeiro domínio do fato deles e para o benefício político deles.
— E
o PT vai fazer alguma coisa? Afinal, o partido venceu as eleições, a obedecer
às regras democráticas e constitucionais...
Não
sei dotô. O Governo Dilma tem um ministro da Justiça que tem verve e
características tucanas. Sempre em cima do muro e a se recusar assumir o cargo
que deveria ser o segundo mais importante da República, ao invés de ser o de
ministro da Economia ou da Casa Civil. Porém, o ministro José Eduardo Cardozo
não defende o Governo, não age e nem atua como amortecedor político da
presidenta Dilma Rousseff quando se trata de negociar com o Congresso, com a
PGR e com o STF.
—
Ele é assim, é. Comporta-se desse jeito mesmo?
Sim.
É o óbvio ululante, como dizia Nelson Rodrigues. O ministro Cardozo parece um
burocrata, típico carreirista, que não fede e nem cheira e que, para se dar bem
no futuro, prefere imitar aqueles macaquinhos que não enxergam, não falam e não
ouvem. Nunca vi, meu prezado dotô, um político e ministro da Justiça tão sem
opinião, tão pusilânime e tão fraco. Definitivamente, ele não lembra nem de
perto o combativo, o valoroso e destemido Partido dos Trabalhadores.
—
Nossa: você não está a ser radical?
Radicais
e de oposição de direita são os juízes Joaquim Barbosa, Marco Aurélio de Mello,
Rosa Weber, Gilmar Mendes, Luiz Fux, além de outros que recentemente se
aposentaram, bem como o ex-procurador-geral de triste memória, o arrogante e
partidário à direita, Roberto Gurgel.
—
Conversar com você foi muito instrutivo e agora, apesar de ser doutor, poderei
analisar e avaliar melhor todo o processo do mensalão?
—
Dotô, o “mensalão” do PT não foi provado e comprovado, porque se trata da maior
fraude e farsa da história do STF e da PGR, que colheram e acolheram, segundo o
condestável e imperativo Roberto Gurgel, “provas tênues. O “mensalão” é um
ardiloso e ilegal processo político. Entendeu dotô?
—
Entendi, mas não compreendi...
As
prisões de José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e a fuga de Henrique
Pizzolato para Itália refletem a irresponsabilidade e a vocação ditatorial de
um tribunal superior que, em hipótese alguma, preocupou-se em observar as leis
do País e os direitos civis — a cidadania — garantidos pela Constituição de 1988.
O
mensalão é uma farsa dantesca e inaceitável para um País que vive em uma
democracia estável sob o jugo das leis. Esse caso é a maior trapaça da história
deste País. O tempo e o bom senso vão mostrar, sem titubear ou vacilar, o papel
de cada personagem envolvido nessa trampolinice histórica.
O
“mensalão”, o do PT, visa somente favorecer o campo político conservador, e,
por seu turno, manter os privilégios de uma casta muito rica, subalterna aos
interesses dos países imperialistas, que se dá por satisfeita em ser
colonizada, para receber sobras, em termos mundiais, daqueles que dominam o
sistema de capitais em âmbito global.
Meu
prezado dotô, não se apoquente, porque tem muita água para passar debaixo dessa
ponte. Tais águas falarão, por exemplo, no horário eleitoral gratuito, quando a
presidenta Dilma Rousseff vai mostrar o que foi feito em prol do Brasil e do
povo brasileiro. Essa realidade os meios de comunicação comerciais e privados
não poderão impedir.
Contanto,
darei uma prévia no que diz respeito aos escândalos de corrupção, cujos autores
são empresários e políticos, a maioria do PSDB, e que não são publicados e
veiculados na imprensa controlada pelos magnatas bilionários de caracteres
golpistas:
1) Privataria
Tucana – R$ 100,155 bilhões;
2) Banestado
– R$ 42,155 bilhões;
3) Vampiros
– R$ 2,450 bilhões;
4) TRT
– R$ 1,850 bilhão;
5) Anões
do Orçamento – R$ 855 milhões;
6) Sonegação
da Globo – R$ 615 milhões;
7) Operação
Navalha – R$ 610 milhões;
8) Máfia
Fiscal Serra/Kassab – R$ 500 milhões;
9) Propinoduto
Tucano – R$ 425 milhões;
10) Sudam
– R$ 214 milhões;
11) Sanguessugas
– R$ 140 milhões; e
12) Mensalão
– R$ 55 milhões.
Depois
o sistema representado pela imprensa imperialista tem a cara de pau de afirmar
que o "mensalão" do PT é o maior caso de corrupção de todos os
tempos. Só um caso de sonegação da Globo é da ordem de R$ 615 milhões.
Além
da Sonegação da Globo relativa à Copa de 2002, os escândalos dos Anões do
Orçamento e da Operação Navalha tiveram a participação de vários partidos. O
“mensalão” do PT, supostamente de R$ 55 milhões, mesmo com a prisão de algumas
de suas lideranças não foi juridicamente comprovado. Contudo, denunciado,
julgado e veiculado, sistematicamente, pela imprensa empresarial desde 2005.
José
Dirceu e José Genoíno, além de Delúbio Soares, sofreram a mais cruel e perversa
campanha de calúnia, injúria e difamação que eu vi em todos os tempos, pois na
época de Getúlio Vargas eu ainda não tinha nascido. Os ataques sucessivos e
intermitentes contra esses homens se transformaram em um verdadeiro linchamento
público, sem trégua e água.
Os
outros seis escândalos que somam quase R$ 150 bilhões até hoje não saíram dos
escaninhos do STF, do STJ, da PGR e dos ministérios públicos nos estados. E por
que isto acontece? Porque no Brasil o Judiciário e o MP são instituições
“pertencentes” à burguesia e aos partidos conservadores que a representam. O
republicanismo está longe do modo de pensar de grande parte dos juízes e
promotores. Só quem não sabia disso era o dotô; mas agora ele sabe.
A
direita deita e rola e vai tentar levar o caso do “Mensalão” do PT até as
eleições presidenciais de 2014. É assim que a banda toca nessas terras
brasileiras. Todavia, esse panorama lúgubre e cinzento vai um dia mudar, porque
o Judiciário vai ter de ser republicano, pois é seu dever e obrigação como
Poder da República. Ponto.
Não
sei o que vai acontecer em 2014; mas sei que essa gente togada vai ter de dar
satisfação ao povo brasileiro no que concerne a julgar e se necessário punir
todos os autores dos escândalos perpetrados pelos tucanos e pela imprensa
comercial e privada, além de os empresários. Alguns deles são assassinos ou
mandantes de assassinatos e até os dias de hoje estão soltos e a aproveitar a
vida da melhor maneira possível.
No
Brasil, não se prende apenas pobre, preto e puta. A Casa Grande e seus
serviçais públicos e privados acrescentaram mais um "P" à sua
perversa doutrina. Os petistas também foram incluídos. Deu para entender agora
a teoria do domínio do fato, com embargos infringentes ou não, dotô? É isso aí
.”
O Expresso Vida aplaude o texto muito
bem escrito e que merece ser divulgado para que a direita conservadora,
entreguista e estúpida tenha uma ideia melhor da realidade que a cerca e nos
cerca.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.brpresidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
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