05 janeiro 2012

Paulo Machado de Carvalho

Paulo Machado de Carvalho, o marechal da vitória, integra o Conselho Editorial do Blog.

Biografia resumida:

Paulo Machado de Carvalho estudou Direito, na Faculdade do Largo São Francisco, e depois foi para a Suiça aprimorar seus estudos. Voltou ao Brasil cheio de sonhos, mas sua paixão logo se dirigiu ao rádio, que estava recém-inaugurado no Brasil.

Em 1931, Paulo Machado de Carvalho fundou a Rádio Record e a Associação das Emissoras de São Paulo. O estúdio da Record ficava na Praça da República e, apesar de pequeno, reunia orquestras inteiras para a apresentação de programas musicais.

Nos primeiros anos de trabalho, Paulo Machado de Carvalho fez de tudo no rádio: selecionou músicas, arquivou discos, dirigiu programas. Durante a época em que estava na Record, participou da produção do primeiro jornal falado da rádio, comandado por Assis Chateaubriand. Em 1944 adquiriu a Rádio Panamericana, que passou a integrar o Grupo das Emissoras Unidas e em 1965 mudaria seu nome para Jovem Pan.

No dia 27 de setembro de 1953 Paulo inaugurou a TV Record, realizando um outro sonho que alimentava desde a chegada da televisão ao Brasil três anos antes, em 1950. A emissora entrou no ar com o que tinha de mais moderno à época, com todos os equipamentos importados dos Estados Unidos e entregues no Porto de Santos. Antes da Record havia mais duas emissoras de TV em São Paulo, a TV Tupi e a TV Paulista.

Como empresário, destacou-se na área de mídia formando um grupo de empresas do setor que incluía TV Record, Rádio Record, Rádio Excelsior, Rádio São Paulo, Rádio Panamericana (Jovem Pan) AM e Rádio Panamericana (Jovem Pan) FM. Algumas dessas emissoras foram vendidas posteriormente, como a Rádio Excelsior, que atualmente pertence às Organizações Globo, utilizando a denominação Central Brasileira de Notícias (CBN).

Em 1989 sua família se viu obrigada a vender a TV e Rádio Record para o empresário Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Na época a emissora também pertencia a Silvio Santos, pois ele havia comprado cerca de metade dela em 1972, tornando-a mais tarde uma espécie de afiliada da TVS (atual SBT) em São Paulo. Com a compra, a emissora foi reerguida e tornou-se uma rede nacional de televisão. Edir Macedo é dono da emissora até hoje.
Atualmente, apenas as rádios Jovem Pan AM e FM pertencem à família Machado de Carvalho e são dirigidas por seu filho Antônio Augusto Amaral de Carvalho, conhecido como Tuta.

Na área esportiva, Paulo Machado foi vice-presidente do São Paulo da Floresta em 1934. Com a falência do time no ano seguinte, seguiu como dirigente no São Paulo, sucessor do São Paulo da Floresta, onde viria a ser presidente, entre 1946 e 1947, e vice-presidente, entre 1955 e 1956. A partir do ano seguinte, assumiu o departamento de futebol, cargo que já tinha ocupado entre 1942 e 1947, e chegou a pagar torcedores para vaiar o time quando jogava mal no primeiro tempo e, no intervalo, mostrava a reação da torcida aos jogadores em busca de "reações heroicas".

Ao lado de João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), foi dirigente do futebol brasileiro, tendo sido chefe das delegações campeãs mundiais de 1958 (Suécia) e 1962 (Chile), o que lhe valeu o apelido de "Marechal da Vitória". Na ocasião da primeira conquista, foi convidado por Havelange e preparou o plano para a Copa desde meados de 1957."Olha, doutor Paulo", pediu Havelange. "Preciso de uma seleção que faça o povo esquecer a de 1950, uma seleção vitoriosa, um time campeão. E porque eu preciso de tudo isso é que o quero como seu chefe. Arme tudo como quiser. Com carta branca." O plano foi elaborado com a colaboração de jornalistas com experiência no futebol e foi transformado em um livro chamado O Plano Paulo Machado de Carvalho. Nos últimos preparativos, já na Suécia, era vítima constante das brincadeiras de Mané Garrincha, que aparecia com o dedo imitando um revólver e dizia "Doutor Paulo, teje preso", para, algum tempo depois, voltar e dizer "Teje solto". Quando o Brasil teve de jogar a final com seu segundo uniforme, azul, Carvalho, para tranqüilizar os jogadores, teria dito que o uniforme lhes daria sorte, pois era da cor do manto de Nossa Senhora Aparecida(Pelé, no entanto, disse em entrevista a’O Estado de S. Paulo em 2008 não se lembrar deste fato). Carvalho já tinha fama de supersticioso naquela Copa, por causa do terno Voltando ao Brasil para desfilar em carro aberto com os jogadores, não se cansou de mostrar a taça ao povo. Na viagem ao Chile, para aquela que seria a segunda conquista do Brasil, Paulo mostrou toda sua superstição ao usar o mesmo terno marrom que usava todos os dias "para dar sorte" na Copa anterior, que tinha virado motivo de piada entre os jogadores.
Em razão das boas campanhas futebolísticas e da brilhante carreira empresarial, recebeu homenagem da prefeitura de São Paulo: o Estádio do Pacaembu leva o seu nome desde 1961, como homenagem prestada pelo então prefeito Prestes Maia. Em 1970 foi eleito para seu último cargo esportivo, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.

Roberto J. Pugliese

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