Minha segunda e última crônica no Caderno
Donna do Jornal Zero Hora de hoje, enquanto eu substituía as férias da Martha
Medeiros. ( colaboração do blog FILOSOFIACINZA )
Uma das características de uma megalópole como São Paulo é seu estranho
caráter de província. Cada bairro é uma pequena cidade do interior com seus
personagens folclóricos, suas fofocas típicas, a maledicência como constante e,
para quem se apercebe disso, aquela vontade de fugir que surge como consciência
infeliz de morador interiorano. A diferença entre as cidades não é o seu
tamanho, mas a velocidade que elimina o tempo, que é o esconderijo do
inominável.
O destino é feito de ironias e quem foge de uma cidade pequena pode acabar
caindo no mesmo lugar sob a ilusão de seu contrário.
Assim, há um bairro em São Paulo onde, em meio ao charme de restaurantes
caros, de shoppings exclusivistas, de mansões e prédios tombados há, na porta de
uma garagem, uma minúscula barbearia.
Dia desses a figura ilustre do barbeiro explicava a dois escritores barbudos
na padaria da esquina um fato fundamental para entender a política brasileira.
Dizia ele que cortava o cabelo de um ex-presidente há mais de 15 anos.
Os dois escritores não perderiam a piada apesar do lugar comum:
- Então você faz a cabeça do homem?
Se fizesse a cabeça o barbeiro não teria sido vítima de uma distorção teórica
que lhe foi imputada por aquele homem sério adorado pela vizinhança:
- Ele me perguntou se eu achava que alguém que chega na política pode roubar
do povo e contou em uma entrevista que eu (como representante do “povo”) penso
que roubar é um direito de quem está no poder.
- Que horror, disse o escritor careca. Cafetinagem intelectual, falou o mais
cabeludo.
- O que eu realmente disse é “quem está no poder pode fazer o que quiser”.
Assim como o meu poder é cortar o cabelo, eu poderia escolher cortar
pescoços.
A ética do barbeiro é bem simples. Do uso da tesoura ao uso das verbas toda
ação depende de um ser humano e sua escolha.
Sempre confiante na sua tesoura, o barbeiro continua cortando o cabelo do
ex-presidente. E a vida, ou a corrupção, digamos que elas simplesmente
continuam.
Conselho Editorial (inspirado) Carlos H. Conny, presidente; M. Covas, Miguel S. Dias, W. Furlan, Edegar Tavares, Carlos Lira, Plínio Marcos, Lamarca, Pe. João XXX, Sérgio Sérvulo da Cunha, H. Libereck, Carlos Barbosa, W. Zaclis, Plínio de A. Sampaio, Mário de Andrade, H. Vailat, G. Russomanno, Tabelião Gorgone, Pedro de Toledo, Pe. Paulo Rezende, Tabelião Molina, Rita Lee, Izaurinha Garcia, Elza Soares, Beth Carvalho, Tarcila do Amaral, Magali Guariba, Maria do Fetal,
20 fevereiro 2012
A ÉTICA DO BARBEIRO !
Advogado, paulistano, professor de direito, defensor de direitos humanos. Bacharel pela PUC -SP em 1974, pós graduado em Direito Notarial, Registros Públicos e Educação Ambiental. Defensor de quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores artesanais... Edita o Expresso Vida.
Autor de diversos livros jurídicos.São incontáveis os artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, jornais etc. Integra a Academia Eldoradense de Letras,Academia Itanhaense de Letras. Titular da cadeira nº 35 da Academia São José de Letras. Integra o Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc. Consultor nacional da Comissão de Direito Notarial e Registraria do Conselho Federal da OAB.Foi presidente por dois mandatos da OAB-TO - Gurupi. Sócio desde 1983 do Lions Clube Internacional. Diretor de Opinião da Associação Comercial de Florianópolis. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia. CIDADÃO HONORÁRIO DA ESTANCIA DE CANANÉIA, SP.
www.pugliesegomes.com.br
Residente em Florianópolis.
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