Nova divisão territorial, política e administrativa do
Brasil.
Os
eleitores do Estado do Pará participaram recentemente de consulta plebiscitária
para definir o seu desmembramento em mais dois Estados: Carajás e
Tapajós. Polemica, debates e discussões nas quais interessados, interesseiros e
manifestações conservadoras com argumentos contrários à divisão enfrentando os
separatistas através dos mais diferentes meios publicitários. Assunto que
desgastou lideranças, artistas, atletas e estirpe de paraenses espalhados pelo
país.
Os grandes grupos jornalísticos, sem escrúpulos, se manifestaram claramente
contra a divisão territorial. Apoiaram o status
quo, em sintonia com as estruturas arcaicas que gerenciam o Pará e o
Brasil.
Descentralização
política, desconcentração administrativa, distribuição de renda
tradicionalmente tem sido tema de discursos demagógicos eleitoreiros que não se
concretizam na prática.
Pela
análise das regras constitucionais percebe-se que o desmembramento territorial
é difícil, pois a votação abrange a área integral do Estado, de modo que, dada
a concentração de poder, renda, populacional, estrutural e outras pertinentes
já consolidadas, a ponto de provocarem o pleito divisionista, a manutenção do estatus em detrimento dos interesses
regionais prevalece nas urnas.
Dividir,
redividir e desmembrar o país é necessário e já não é sem tempo. Somos duzentos
milhões para habitar quase nove milhões de quilômetros quadrados espremidos no
litoral, com grandes aglomerações no sul e sudeste, deixando o interior vazio.
O desenvolvimento brasileiro, mal distribuído, se evidencia onde o Poder
Público está mais próximo: Centralizado.
Longe do mar, o Brasil é vazio e não se faz presente, com abnegados cidadãos
esquecidos sobrevivendo em péssimas condições sociais.
O ser humano é a principal preocupação do Estado, como assinala a Magana Lei
desde seu preambulo e pelo texto a dentro. E para que haja distribuição melhor dos índices de
desenvolvimento humano necessário que o Estado, seus Poderes e desmembramentos
orgânicos estejam presentes em todas as regiões. Grandes extensões geram
distancias, que provocam a ausência de condições indispensáveis para que os
agentes públicos atuem.
Essa
aparente inércia estatal e de seus Poderes é nociva, perigosa e ineficaz. Falta
policia, educação, tributação, saúde, ciência e tecnologia, comunicação social,
transportes adequados, energia e tantos serviços e investimentos públicos que o
brasileiro dessa interlandia esquecida sente falta do Brasil.
Tempos atrás a Província do Grão Pará abrangia quase toda a Amazônia e foi
sendo desmembrada ao longo do tempo. Primeiro o Amazonas, depois o Amapá e o
progresso, mesmo pontual e localizado, paulatinamente, se espalhando. Curitiba
era a quinta Comarca da Província de São Paulo, que desmembrada, se tornou o
próspero Estado do Paraná.
No mesmo passo, Tocantins e o Mato Grosso do Sul com
pouco tempo já se destacam na economia como exemplos contemporâneos do
desenvolvimento.
A
redivisão política e administrativa permite que a atuação estatal se faça
presente, com a ações céleres e imediatas, quando até então eram demoradas. Os
Poderes Públicos se aproximam das necessidades regionais, concretizando os serviços então inexistentes
consoante termos próprios e adequados, a
par de gerar decisões administrativas e politicas verdadeiramente democráticas.
Surgem, consequentemente, despesas, diante da geração de empregos e novas
atividades funcionais. Investimentos técnicos e financeiros indispensáveis a
implementação da nova unidade política, os quais trarão à qualidade de vida almejada, primeira razão e
o objeto principal do Poder Público.
A União, os Estados e os Municípios não
são baús nos quais se guardem pedras preciosas, outrossim, os responsáveis pela
manipulação dos recursos cuja destinação é o bem comum para que de modo
equânime o bem estar e a felicidade se concretize.
Nesse imenso Brasil, todos os cantos, ocupados ou não, devem ser assistidos
pelos agentes, órgãos, repartições, empresas, fundações e repartições públicas,
propiciando condições para melhor qualidade de vida e inibindo fluxos
migratórios internos decorrentes da ausência estatal latente e histórica.
A
redivisão territorial, administrativa e politica concretizada permitirá
mais eficiente e democrática a
representação popular que a pretendida implantação do voto distrital, visto que pela fórmula idealizada o voto distrital haverá de excluir
da representatividade, partidos políticos que são frutos de segmentos menores
da sociedade, concentrando poderes de segmentos sociais predominantes, excluindo as minorias, castrando a proposta
constitucional da efetivação prevista no seu texto.
São
inúmeras as propostas de desmembramentos que circulam no Congresso Nacional,
propondo criação de territórios federais em zona de fronteira e novos Estados federados. Discute-se nos bastidores criar o Estado do
Ribeira, no litoral sul de São Paulo; o Gurguéia, dividindo o Piauí, o
Triangulo, o Maranhão do Sul, o São Francisco, o Iguaçu, com terras do oeste
catarinense, enfim, promover as reformas estruturais para implementar-se o
verdadeiro desenvolvimento sócio econômico abrangendo toda a sociedade e os
rincões esquecidos.
Concluindo:
É preciso repensar e com desprendimento
e visão mais abrangente, iniciar as tantas reformas necessárias para
consolidar-se um país melhor,
desenvolvido e justo, tendo a coragem de enfrentar a discussão de sua redivisão
territorial.
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
Conselho Editorial (inspirado) Carlos H. Conny, presidente; M. Covas, Miguel S. Dias, W. Furlan, Edegar Tavares, Carlos Lira, Plínio Marcos, Lamarca, Pe. João XXX, Sérgio Sérvulo da Cunha, H. Libereck, Carlos Barbosa, W. Zaclis, Plínio de A. Sampaio, Mário de Andrade, H. Vailat, G. Russomanno, Tabelião Gorgone, Pedro de Toledo, Pe. Paulo Rezende, Tabelião Molina, Rita Lee, Izaurinha Garcia, Elza Soares, Beth Carvalho, Tarcila do Amaral, Magali Guariba, Maria do Fetal,
21 fevereiro 2012
Redivisão territorial brasileira: necessidade imediata.
Advogado, paulistano, professor de direito, defensor de direitos humanos. Bacharel pela PUC -SP em 1974, pós graduado em Direito Notarial, Registros Públicos e Educação Ambiental. Defensor de quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores artesanais... Edita o Expresso Vida.
Autor de diversos livros jurídicos.São incontáveis os artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, jornais etc. Integra a Academia Eldoradense de Letras,Academia Itanhaense de Letras. Titular da cadeira nº 35 da Academia São José de Letras. Integra o Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc. Consultor nacional da Comissão de Direito Notarial e Registraria do Conselho Federal da OAB.Foi presidente por dois mandatos da OAB-TO - Gurupi. Sócio desde 1983 do Lions Clube Internacional. Diretor de Opinião da Associação Comercial de Florianópolis. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia. CIDADÃO HONORÁRIO DA ESTANCIA DE CANANÉIA, SP.
www.pugliesegomes.com.br
Residente em Florianópolis.
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