11 fevereiro 2012

Vitória da Resistencia - ( a luta continua !)

A VITÓRIA DA RESISTÊNCIA
A resistência dos Agricultores da Colônia Marajoara, município de Rio Maria, no
Sul do Pará, obrigou a mineradora “Mineração Floresta do Araguaia” a respeitar as
leis sociais e ambientais e a indenizá-los pelos danos causados

Foram sessenta e quatro (64) dias de ocupação da vicinal Babaçu, no sul do Pará, por
famílias da Colônia Marajoara, que protestaram contra os gravíssimos problemas
ambientais e sociais causados pela empresa.

As famílias dos lavradores se queixavam dos gravíssimos danos causados pelos 80
bi-trens (caminhões de grande porte) de 80 toneladas cada um, da “Mineração
Floresta do Araguaia”, transitando em alta velocidade na vicinal Babaçu, dia e
noite, provocando ruídos e poeira, insônias e doenças das famílias, principalmente das crianças, acidentes e até mortes de pessoas atropeladas pelos bi-trens. Todas as tentativas de chegar a uma solução amistosa com a empresa tendo fracassado, as 45 famílias decidiram bloquear a vicinal Babaçu, obrigando os bi-trens a passar pela estrada do Bambu, aumentando consideravelmente o
percurso deles até a BR 155 que dá acesso à siderúrgica de Marabá, portanto
diminuindo o lucro da empresa.
A ocupação da estrada vicinal teve inicio em 22 de setembro de 2011, e foi
suspensa em O7 de dezembro de 2011, envolvendo 80% das famílias da Colônia, com
participação efetiva nas atividades que foram desenvolvidas durante todo o
processo, com a manutenção de um barraco na estrada e momentos de ações
culturais.
Com o acompanhamento da CPT e do CEPASP as famílias conseguiram uma liminar do juiz de
Rio Maria proibindo o trânsito dos bi-trens na vicinal. Diante dessa liminar e
da determinação das famílias, a empresa “Mineração Floresta do Araguaia” assinou
um Termo de Ajuste de Conduta-TAC, no qual se comprometeu a limitar a
velocidade, colocar quebra-molas, suspender o transito dos bi-trens das 22h até
05 hs, alargar a estrada nos trechos perigosos e manter a estrada molhada para
acabar com a poeira.
Além disso, a empresa se comprometeu a indenizar as famílias pelo prejuízo sofrido
durante esses anos, através da doação de um trator e de vários materiais para
ajudar a desenvolver suas atividades agrícolas.
Desde o inicio desse ano 2012, a vida voltou na comunidade da Marajoara: a poeira já
baixou muito, o transito melhorou, as famílias retomaram suas atividades, as
crianças voltaram na escola, e dormem à noite, as pastagens são verdes, os
animais recomeçaram a engordar, as vacas produzem leite, e as galinhas
ovos.
A luta das famílias da Colônia Marajoara foi exemplar como resistência pacífica,
corajosa e vitoriosa.
É a primeira vez que o povo do sul do Pará enfrenta uma dessas mineradoras poderosas
para defender seus direitos sócios ambientais e á uma vida digna, sossegada e
saudável.
As famílias sabem que a luta só começou porque os problemas ambientais causados
pela empresa “Reinarda Mineração Ltda” com a exploração do ouro, permanecem.
Essa exploração fez um ataque silencioso com a poluição de águas subterrâneas e
superficiais, principalmente pelo cianeto que é um produto altamente tóxico, que
causa a morte a longo prazo, ou de imediato, sobretudo de peixes e seres
humanos.

( Colaboração de Xinguara-Pará, 09 de fevereiro de 2012
CPT- Comissao Pastoral da Terra - Xinguara- Pará
CEPASP - Centro de Educação, Pesquisa e
Assessoria Sindical e Popular
Associação dos Mini e
Pequenos Produtores Rurais Vitória da Conquista - através do Renap - Rede nacional de advogados populares )

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