Edifício Joelma - Incendio - Tragédia - São Paulo não esqueceu e não esquecerá jamais.
O número 225 da Avenida 9 de Julho carrega um trauma.
O endereço foi palco de uma das mais pavorosas tragédias que São Paulo já testemunhou. Em 1º de fevereiro de 1974, os 25 andares do edifício Joelma promoveram cenas do inferno.
Após investigações, descobriram que uma sobrecarga elétrica gerou um curto-circuito no sistema de ar-condicionado, dando início ao fogo. O pânico tomou conta dos funcionários do Banco Crefisul, que ocupava a maior parte do prédio. O resultado foi assustador: 188 mortos e 345 feridos.
As pessoas tentaram refugiar-se no telhado do prédio, aonde a temperatura chegou a 100 graus. “A sola do meu sapato derretia. Quando levantava a cabeça via horrores. Vi uma menina de 15 anos saltar usando um guarda-chuva como pára-quedas”, contou um administrador do edifício.
No fim do dia, 18 pessoas haviam se atirado do prédio. A tragédia voltou a suscitar o debate sobre a segurança de edifícios que viera à tona dois anos antes com o incêndio do Andraus. O Joelma, entre outras coisas, não tinha escadas de emergência.
Nessa época, eu com 24 anos trabalhava como desenhista, numa produtora independente, que fazia comerciais para TV. Como a empresa que eu trabalhava, tinha três cinegrafistas e era perto do local do incêndio, lá fomos para ver de perto a maior cena de horror que já presenciei. Pessoas lá do alto do edifício, em pânico, se jogavam de encontro à morte.
Havia padres no local dando a extrema unção aos corpos esfacelados. Helicópteros tentavam sem sucesso jogar cordas para as pessoas no alto do prédio, mas a fumaça e o vento impediam que as cordas caíssem nas mãos dos aflitos. Assisti a cena de terror quase o dia todo, mas pouco pode ser feito. Um dos nossos cinegrafistas chegou a desmaiar no local. Confesso que não consegui dormir a noite, por causa do trauma das cenas que se passavam em minha mente. As imagens dos nossos cinegrafistas foram uma das mais requisitadas, pois foram feitas desde o início, mesmo antes de chegarem canais de TV. Tão é verdade, que depois que as imagens foram editadas, vários chefes de Guarnição de Bombeiros dos maiores países vieram na empresa para assistirem o filme e adquirirem cópias para os seus países, comenta Roberto Oliveira
Portanto o dia 1º de fevereiro sempre será lembrado por mim. Após alguns dias depois da tragédia, pedi demissão do meu trabalho e voltei para o meu tranqüilo Vale do Ribeira.
De minha parte também me recordo. Àquela época era escrevente do 22. cartório de notas, e dias antes havia ido a um dos andares daquele edificio, assinar uma escritura no Banco Crefisul. Lembro que na sala de espera onde permaneci por alguns minutos aguardando, fechado, aventei a hipótese de incendio. Naquele dia, estava indo passear no Rio de Janeiro, e escutei noticias pela Rádio Joven Pan e à noite pela Tv.
Realmente foi uma tragédia inesquecível.
Roberto J. Pugliese
( Imagens e notas colhidas do Diário de Iguape - sítio eletronico )
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