( Por incompetencia e desdém, a irresponsabilidade faz com que as ostras tradicionais do Lagamar estejam perdendo espaço para as ostras de Florianópolis )
As condições do ecossistema diferenciado do Lagamar, enriquecido pelos incontáveis límpidos cursos hídricos
adocicados, livres de elementos poluidores,
com rico potencial de nutrientes extraídos naturalmente pelo fluxo das marés, provenientes
das restingas, manguezais e cobertura vegetal da maior reserva florestal de
Mata Atlântica, faz com que se torne berçário afortunado de preciosa fauna,
inclusive criatório de ostras notabilizadas pela sua especial e diferenciada
qualidade.
As exuberantes condições
marinhas, iodadas pelo tempo, fez com que originário da região de cultivo
assemelhado na Bretanha, se instalasse na costa continental e industrializasse
a famosa ostra desenvolvida em seu criatório, família tradicional de produtores
oriunda da França, competindo com caiçaras extrativistas e indústrias locais
organizadas em pequenas empresas familiares ou cooperativas.
Riqueza tradicional das inúmeras ilhas
e costa continental as OSTRAS DE CANANÉIA,
são tradicionalmente apreciadas pelos melhores e exigentes paladares.
Classificadas entre as mais nobres há muitas décadas, são exportadas e servidas
em finos restaurantes de São Paulo, Curitiba, Santos... Pessoalmente já as
degustei em Recife, sendo certo que em Brasília, Rio de Janeiro, Buenos Ayres,
Santiago e outras capitais sul americanas e europeias, num passado não muito
distante, também eram encontrados face a notoriedade de suas qualidades.
Esses moluscos especiais ao longo
dos anos tem difundido pelos quatro cantos a própria cidade, através da marca
já consolidada pela excelente qualidade impar, que leva emprestado o próprio
nome da histórica cidade paulista.
No entanto, ao longo do tempo,
pela desídia das autoridades públicas locais, a quem se responsabiliza pela
liderança no empenho em defesa dos interesses econômicos e sociais da
comunidade, o bom nome das ostras do Lagamar, vem caindo no esquecimento e sem
divulgação condizente à potencialidade que expressam, estão cedendo,
paulatinamente, espaços para as produzidas no sul país, cuja qualidade
inferior, não oferecem concorrência.
Vereadores e prefeito, sem a
mínima visão estratégica, omissos nas suas cadeiras bem como a singela classe
empresarial e a inexpressiva elite cultural local, não ultimam atos que se faz
necessário, para que as nobres ostras não percam o nome e o mercado
tradicional, já diminuto, trazendo prejuízos econômicos e sócios culturais e
históricos à toda sociedade.
É lamentável a postura do povo,
diante das palpáveis circunstancias que se apresentam revelando nitidamente
desfecho trágico, que ao invés de se postarem para o enfrentamento com o
objetivo de evitar que o quadro dantesco anunciado se perpetre, permanece
indiferente, sem cuidar para que as condições contrárias previstas, se não
alteradas, ao menos atenuadas.
Depender do governo federal, nem
pensar, já que é inexistente para os interesses do Estado de São Paulo. Não é
de hoje que, o povo laborioso, faz por si, sempre, já que não há, nunca, apoio
federal para as propostas paulistas.
Por iniciativa do governo
estadual, difícil será a devida atenção, já que no território no qual a
indústria é de qualidade e ponta, competindo com as congêneres do mundo; o
comercio é o mais desenvolvido no país, considerado o maior centro comercial do
sul do universo; tendo a produção agrícola atingido níveis singulares sem
concorrência, extraindo das águas salgadas consideradas paulistas, petróleo e
refinando quase metade da produção brasileira, tendo espalhado pelas suas
bacias hidroelétricas que alimentam as necessidades de boa parte do país, não
há como dedicar-se e investir na divulgação desses moluscos.
As prioridades de São Paulo são
gigantescas comparadas com as necessidades dos isolados ostreicultores do
litoral.
Atualmente, insta lembrar, que
Florianópolis tem produzido com intensidade ostras e as promovido bastante. Não
apenas as associações de classe, outrossim, o município e o próprio Estado de
Santa Catarina, ganhando a passos largos espaços antes vazios ou ocupados pela
tradicional ostra do litoral paulista.
E nesse ritmo, a ostra
catarinense, mesmo inferior em qualidade, em pouco tempo vai dominar o mercado
interno brasileiro e sem piedade,
consolidar a tragédia que se vislumbra à economia de Cananéia, cuja
produção de ostra será destinada apenas a região circunvizinha próxima. O
estrago será grande induzindo outros segmentos da economia à estagnação.
Enfim Cananéia dispõe de marca
tradicional e o produto de elevada qualidade reconhecida. Resta organizar sua
divulgação e produção para enfrentar a impiedosa concorrência e para tanto, o
povo, através de suas entidades representativas, v.g. associação empresarial,
associação de ostreicultores, colônia de pesca, igrejas, hotéis, pousadas e
marinas, vereadores, deputados estaduais e federais com interesse regional e em
especial o Prefeito Municipal, ultimarem atos nesse sentido e de modo lúcido
pleitearem ao governo do Estado, ampla divulgação, constante e maciça em defesa
da grande riqueza, antes que as ostras e a cidade venham cair no ostracismo...
Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
( Autor de obras jurídicas – Foi vereador à Câmara Municipal de Cananéia )
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