A noite escura
Muita coisa continua em
sigilo e é natural que a sociedade cobre do governo a verdade dessa "noche
oscura" da vida nacional.
Deve ser um problema com o
nome: "Comissão da Verdade". E também de número: sete pessoas. Não
creio que haja sete caras no mundo que tenham o mesmo conceito de e sobre a
verdade. Sempre prevaleceu a verdade de cada um, o assim é se lhe parece, de
Pirandelo. Daí a dificuldade de dona Dilma nomear os membros que examinarão
atos e fatos criminosos do período ditatorial.
Cada um de nós tem engasgado na
garganta um detalhe daquele tempo. Alguns são sabidos, há documentos, fotos,
textos e depoimentos bastante divulgados. Muita coisa, porém, continua em
sigilo e é natural que a sociedade cobre do governo a verdade dessa "noche
oscura" da vida nacional.
Pessoalmente, gostaria de
comprovar um episódio que até hoje não sei se é verdadeiro, mas revelador da
repressão naquele tempo. Certa noite, um oficial da Aeronáutica e dois soldados
saíram da Base Aérea do Galeão numa kombi para apanhar oito inimigos do regime.
Todos na zona sul da cidade. Já quase madrugada, o oficial decidiu voltar ao
Galeão com os oito subversivos que constavam na lista que recebera de seus
superiores.
Na altura da praça Mauá, ele
resolveu contar os presos dentro da kombi e viu que só conseguira apanhar sete.
Não podia se apresentar ao comando sem os oito detidos. Naquela hora e lugar,
não havia ninguém nas ruas, mas ouviu o barulho de uma banca de jornais abrindo
na esquina da rua São Bento para receber os primeiros exemplares. Encostou a
kombi e mandou que o dono da banca, um italiano de 45 anos, recém-chegado ao
Brasil, entrasse no carro.
Pouco depois, entregava no Galeão
os oito subversivos, que foram jogados no mar, perto de Itaipu. Carimbaram em
cima da lista que lhe haviam dado: "Recebido".
Carlos Heitor Cony
O autor do texto é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000. Sua carreira no jornalismo começou em 1952 no "Jornal do Brasil". É autor de 15 romances e
diversas adaptações de clássicos. = fonte Renap - Rede Nacional de Advogados Populares )
Conselho Editorial (inspirado) Carlos H. Conny, presidente; M. Covas, Miguel S. Dias, W. Furlan, Edegar Tavares, Carlos Lira, Plínio Marcos, Lamarca, Pe. João XXX, Sérgio Sérvulo da Cunha, H. Libereck, Carlos Barbosa, W. Zaclis, Plínio de A. Sampaio, Mário de Andrade, H. Vailat, G. Russomanno, Tabelião Gorgone, Pedro de Toledo, Pe. Paulo Rezende, Tabelião Molina, Rita Lee, Izaurinha Garcia, Elza Soares, Beth Carvalho, Tarcila do Amaral, Magali Guariba, Maria do Fetal,
18 abril 2012
Triste lembranças de tempos recentes -
Advogado, paulistano, professor de direito, defensor de direitos humanos. Bacharel pela PUC -SP em 1974, pós graduado em Direito Notarial, Registros Públicos e Educação Ambiental. Defensor de quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores artesanais... Edita o Expresso Vida.
Autor de diversos livros jurídicos.São incontáveis os artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, jornais etc. Integra a Academia Eldoradense de Letras,Academia Itanhaense de Letras. Titular da cadeira nº 35 da Academia São José de Letras. Integra o Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc. Consultor nacional da Comissão de Direito Notarial e Registraria do Conselho Federal da OAB.Foi presidente por dois mandatos da OAB-TO - Gurupi. Sócio desde 1983 do Lions Clube Internacional. Diretor de Opinião da Associação Comercial de Florianópolis. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia. CIDADÃO HONORÁRIO DA ESTANCIA DE CANANÉIA, SP.
www.pugliesegomes.com.br
Residente em Florianópolis.
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