Transporte coletivo gratúito.
Entre os argumentos defendidos pelos que se opõem à gratuidade do
transporte coletivo, está o tamanho das cidades em questão, segundo o qual, a
gratuidade do transporte publico só é possível para pequenas redes, ou seja, em
cidades de 10.000 a 20.000 habitantes. Com exceção da capital da Estônia,
Tallinn (416.00 habitantes), que terá em primeiro de janeiro de 2013 uma rede de
transportes públicos inteiramente gratuita. O artigo da Echos aponta que, na
verdade, Tallin será a primeira capital europeia a instaurar a gratuidade no
transporte público.
Na França, mais ou menos 15 cidades aderiram à gratuidade dos transportes
públicos. Algumas já há algum tempo. Essas cidades jamais voltaram atrás em sua
decisão, prova de que a gratuidade parece funcionar. Mais recentemente, cidades
como Castres e Aubagne aderiram à gratuidade e o número de passageiros do
transporte público aumentou significativamente.
Como toda boa medida, as críticas não demoraram a chover. Os rabugentos
anunciaram que isto não era economicamente viável, mesmo que a tarifação dos
transportes públicos não represente, quando muito, mais do que 30% do custo dos
transportes públicos… E mesmo que algumas coletividades utilizem a maior parte
do dinheiro recolhido dos usuários para pagar os cobradores e os sistemas de
pagamento… No final das contas, chega-se a um sistema absurdo em que se faz que
as pessoas paguem para controlar que elas paguem bem.
Em seguida, os rabugentos disseram: “as redes de transporte vão se
deteriorar pois não haverá meios de financiar sua manutenção e seu
desenvolvimento”. Contudo, podemos notar que em cidades como Aubagne temos não
só uma rede em bom estado de manutenção, mas também o lançamento da construção
de uma linha de tramway (bonde), obviamente também gratuita. Além de uma rede de
transportes podre, algumas cidades com transporte publico não-gratuito não têm o
tramway (bonde)! É, tente encontrar o erro no argumento…
Então, os rabugentos ameaçaram: “vocês vão ver, se os transportes coletivos
se tornarem gratuitos, os impostos vão explodir”. Erraram aí também, as cidades
que aderiram ao transporte público gratuito aumentaram as taxas pagas pelas
empresas, não os impostos. Algo normal, pois as empresas são as primeiras a se
beneficiarem com as redes de transporte público, possibilitando que seus
funcionários usem o transporte (quando eles funcionam corretamente…)
Daí os rabugentos criaram outro argumento, dessa vez incontestável, “
aderir à gratuidade fará com que as pessoas que andavam a pé ou de bicicleta
comecem a utilizar o transporte coletivo”. Se entendemos bem esse raciocínio, os
automobilistas continuarão automobilistas, mesmo que lhes déssemos dinheiro para
pegar um ônibus, enquanto os ciclistas e pedestres são apenas pessoas
preguiçosas, que esperam a gratuidade para meterem suas bundas em um ônibus. De
novo os fatos derrubam esse argumento. Os estudos mostram que, um ano após
aderir à gratuidade do transporte, aproximadamente metade dos trajetos
desencadeados pela gratuidade do transporte eram realizados pelos antigos
automobilistas de Aubagne.
O ultimo argumento dos rabugentos era a respeito do tamanho das cidades.
“Tudo bem, a gratuidade pode funcionar para pequenas cidades com redes de
transporte pequenas, mas só nesses casos”. Por trás desse argumento, existe a
ideia de que as grandes redes de transporte precisam imperativamente de tarifas
para funcionar, as pequenas redes podem se contentar com subvenções publicas
para sobreviverem…
Entretanto, quando uma cidade como Tallinn, com mais de 400 mil habitantes
, aderiu à gratuidade, ela deu um golpe nos rabugentos. Se é possível na
Estônia, por que cidades como Nantes, Toulon ou Strasbourg não podem também
aderir?
Aos mal-humorados restou então apenas um argumento para se opor à
gratuidade: “é um delírio minoritário de eco-marxistas, que (inversão de ordem)
absolutamente não responde às necessidades da população”. Erraram de novo. A
adesão à gratuidade em Tallinn foi decidida depois um plebiscito. De acordo com
a opinião publica, 75% dos 416.000 habitantes da capital aprovaram o transporte
público gratuito na cidade.
Assim, proponho uma ideia simples. Instauremos a gratuidade geral dos
transportes públicos na França, exceto em uma cidade, escolhida ao acaso, onde
todos os rabugentos poderão se juntar e continuar pagando as tarifas de
ônibus…
( Do Carfree France, traduzido por Francine Rebelo e colaboração de Fernando
Coelho para o site Tarifa Zero.org -Fonte -Renap )
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