Eternamente vítimas*
A
chocante decisão da 3ª Seção do STJ (Superior Tribunal de Justiça), inocentando
um homem que estuprou três crianças de 12 anos, virou um caso internacional. A
Unesco já tinha condenado o voto. Ontem foi a vez do escritório da ONU para
Direitos Humanos na América do Sul.
Em
nota, o escritório "deplora" a posição do STJ, que não apenas
surpreende como entristece e mata de vergonha todos nós, brasileiros, sobretudo
nós, brasileiras. "Essa decisão marca um precedente perigoso e discrimina
as vítimas tanto por sua idade como pelo seu gênero", disse Amerigo
Incalcaterra, representante do órgão para a região.
O
tribunal inocentou o réu e culpou as vítimas, sob o argumento de que as três
meninas eram prostitutas. Logo, podem ser estupradas à vontade e sofrer ainda
mais violência do que já sofrem? Já seria um absurdo no caso de prostitutas
adultas, imagine-se quando se fala de crianças -e de crianças jogadas às ruas,
ao desamparo e à infelicidade.
Essa
posição do tribunal brasileiro reforça o que, vez ou outra, há muitos anos, sou
obrigada a escrever neste espaço: no Brasil, uma vez vítima, serás sempre
vítima. E tratada como culpada! A vida, os pais, a escola (ou a falta dela) e o
Estado geram e eternizam a injustiça. A Justiça, como última instância, lava as
mãos.
Do
ponto de vista legal, o STJ está descumprindo tratados internacionais a que o
Brasil se obriga a respeitar e a cumprir, como a Convenção dos Direitos das
Crianças, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção
sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher.
Do
ponto de vista humano, a decisão é de uma brutalidade tal que choca o mundo,
mas deve, antes de mais nada, chocar todos(as) e cada um(a) de nós. Nações
democráticas garantem o futuro de suas crianças, as protegem e as resgatam
quando necessário. O resto é barbárie.
( *Artigo publicado no Jornal Folha de São Paulo, Edição
de 06 de abril de 2012
Eliane Cantanhêde )
Conselho Editorial (inspirado) Carlos H. Conny, presidente; M. Covas, Miguel S. Dias, W. Furlan, Edegar Tavares, Carlos Lira, Plínio Marcos, Lamarca, Pe. João XXX, Sérgio Sérvulo da Cunha, H. Libereck, Carlos Barbosa, W. Zaclis, Plínio de A. Sampaio, Mário de Andrade, H. Vailat, G. Russomanno, Tabelião Gorgone, Pedro de Toledo, Pe. Paulo Rezende, Tabelião Molina, Rita Lee, Izaurinha Garcia, Elza Soares, Beth Carvalho, Tarcila do Amaral, Magali Guariba, Maria do Fetal,
17 abril 2012
Vergonha: Justiça inocenta estuprador !!! ( no Brasil )
Advogado, paulistano, professor de direito, defensor de direitos humanos. Bacharel pela PUC -SP em 1974, pós graduado em Direito Notarial, Registros Públicos e Educação Ambiental. Defensor de quilombolas, caiçaras, indígenas, pescadores artesanais... Edita o Expresso Vida.
Autor de diversos livros jurídicos.São incontáveis os artigos jurídicos publicados em revistas especializadas, jornais etc. Integra a Academia Eldoradense de Letras,Academia Itanhaense de Letras. Titular da cadeira nº 35 da Academia São José de Letras. Integra o Instituto dos Advogados de Santa Catarina. É presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos da OAB-Sc. Consultor nacional da Comissão de Direito Notarial e Registraria do Conselho Federal da OAB.Foi presidente por dois mandatos da OAB-TO - Gurupi. Sócio desde 1983 do Lions Clube Internacional. Diretor de Opinião da Associação Comercial de Florianópolis. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia. CIDADÃO HONORÁRIO DA ESTANCIA DE CANANÉIA, SP.
www.pugliesegomes.com.br
Residente em Florianópolis.
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