QUANDO NOSSA ordem SERVE DE
ESCADA
O
nome próprio do título, comumente
utilizado com maiúscula, hoje se escreve com minúscula, propositalmente.
A
Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo que conhecemos e aprendemos
a admirar, não é mais aquela entidade singular, independente, altaneira, sede
da democracia e liberdade, pioneira na defesa intransigente dos direitos do
homem e do cidadão.
A
Ordem que conhecemos , desde sua criação em 1930, jamais deixou de ser escola
de humanidade, exemplo de multiplicidade
de competências , tanto na defesa das
prerrogativas da cidadania e dos advogados, como na Ética, na cultura jurídica,
na seriedade com que compartilhou honrosamente a escora perpétua da Justiça,
com a Magistratura e o Ministério Público.
A admiração de toda a sociedade brasileira pela
Ordem dos Advogados do Brasil sempre excedeu à das demais entidades das mais
diversas naturezas, desde as religiosas de todos os matizes, educacionais,
sindicais, políticas, até as empresariais.
A
Ordem sempre foi o repositório das esperanças da população contra todas as ilicitudes, abusos e desmandos de
toda a espécie, inclusive do Poder Público.
Em
que essa Ordem se transformou, em infelizes nove anos apenas? Numa servil
escada que dá suporte a anseios político-partidários, sem pejo e sem hesitação
dos atuais dirigentes, que sob o pálio de um conselho de grande e lamentável
tolerância se une com todas as forças (forças que deveriam estar a serviço do
advogado, da advocacia e da cidadania) para servir de suporte a seu simpático e carismático fuehrer para que
alcance a sublime posição de servir a um partido político!
Subverte-se
tanto os valores da Ordem, que a ordem hoje caracterizada por um gigante
burocrático, dirigida por cérebros essencialmente burocráticos de
impressionante miopia em relação aos verdadeiros fundamentos da entidade.
Após
iludir os advogados paulistas no que se refere a suposto e inexistente
“saneamento de suas finanças” a ordem deixa depois de nove anos, todas as
subseções que outrora despontavam como valores pontuais de gerencia e
administração, anos-luz atrás do que
conquistaram a duras penas, numa lenta mas segura evolução que jamais
comportaria o lastimável abandono em que hoje se encontram, apesar da sempre
inócua presença interesseira de quem
pretende suceder o grande líder político partidário na presidência da ordem
minúscula.
Mídia
e burocracia, eis nossa entidade hoje,
refém de parcos escrúpulos de quem se tornou seu “dono”, saudosa, como saudosos
estamos todos os advogados, da Ordem de Cid Vieira de Souza , de Mario Sergio
Duarte Garcia, de José de Castro Bigi,
de Marcio Tomaz Bastos, de Antonio Claudio Mariz de Oliveira dos anos 80, de José Eduardo Loureiro sempre,
de Carlos Miguel Aidar, do mestre
Raimundo Pascoal Barbosa eternamente.
Os
jovens advogados de hoje têm, como apresentação da ordem, um verdadeiro show
dirigido pelo e para o ator mais eficiente que um dia galgou a presidência e
nela quis permanecer por muito mais tempo que a ética permite. Assistindo-se a
solenidade de entrega de identidade profissional do advogado, tem-se a nítida
impressão de estar em meio a eficiente lavagem cerebral tão bem engendrada por
Goebbels para seu ídolo nos anos 30 , na Alemanha que em pouco tempo iria se
tornar um monte de ruínas.
A
ordem paulista de hoje também difere da Ordem de antes pela absoluta
indiferença com que é tratada pelas cortes de todo o pais. Inexiste qualquer
resquício do então natural prestígio da entidade, junto aos Tribunais e Poder
Público em geral, em que pese os esforços do político presidente, esforços
envidados sempre em causa própria.
Neste
singelo pensamento, a diferença da ordem com letra minúscula com a Ordem com
maiúscula é tão simbólica quanto abissal na nossa realidade.
Cabe,
pois, a todos que queremos o renascer de
uma grande entidade, não mais permitirmos gestões tão minúsculas, cabe-nos
escolher verdadeiros advogados para que possam dirigir a Ordem sem afrontar seu
nobre destino.
Orlando
Maluf Haddad
O.A.B./S.P.
nº 43.781
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